Pode achar turístico demais, pode achar óbvio demais. Pode até achar que é dispensável, já que estamos falando de Madri e da Espanha, uma cidade e um país que são referência gastronômica.

Quem concede o “prêmio” ao Botín, fundado em 1725, é o Guinness Book. E por “mais antigo” entenda-se, implicitamente, “em funcionamento até hoje”. Pertinho da Plaza Mayor, a casa é disputada e, se não reservar mesa, pode contar com uma fila das boas. Vi até mesmo um casal de brasileiros que, sem reserva, pediu apenas para dar uma espiada no salão, só por curiosidade. E o mâitre, no pico do rush de almoço dominical, foi enfático: “não, estamos trabalhando”. Ops… Mas dizem que, em momentos mais tranquilos, dar uma olhadinha não causa estresse. Pois bem, de qualquer forma, minha mesa eu reservei com uns dois meses de antecedência, porque, afinal, sou sistemática e ansiosa.

 

Botín (foto: shutterstock)

 

Primeiro, contextualizemos: o endereço hoje ocupado pelo Botín na Calle Cuchilleros era, nos idos do século 17, um pequeno local de pouso para os comerciantes em trânsito. Algumas repaginadas depois, em 1725, foi construído, a pedido do sobrinho de um cozinheiro francês chamado Jean Botín, o famoso forno de aço adornado com azulejos coloridos. Ali, ainda hoje, são assadas as especialidades da casa, em lenha de azinheira. Atualmente, a fachada de madeira com toldo vermelho é simples, mas não passa despercebida. O nome grafado ali – Sobrino de Botín – refere-se justamente às origens do restaurante.

Então, vamos a elas, as especialidades. O cochinillo é um leitãozinho assado inteiro, lentamente, em uma travessa de barro e levado à mesa em pedaços tenros, de casquinha dourada e crocante. Essa é a pegada também do cordeiro, a outra receita clássica do Botín, ambas acompanhadas de batatas. Dá para ver, numa área aberta da cozinha, os porquinhos já assados, esperando para serem servidos. Quem ficar com dó do bichinho pode escolher outros pratos do menu, que tem frutos do mar e filés variados.

Agora você me pergunta se é barato. Bem, não é, ainda menos quando o euro já praticamente corresponde à tabuada do 5. E é turístico, sim, mas até mesmo os madrilenhos costumam frequentar. Se a comida é boa? É uma delícia, e com certeza o fator “histórico” dá um tempero a mais. De suvenir, o garçom me deu o cardápio para levar para casa.

 

 

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