Quanto mais o carro se afasta da cidade do Porto, mais a paisagem ganha cenários com toques rurais e bucólicos. Vinhas, rebanhos e montanhas começam a entrar lentamente em cena e a construir o visual da província do Minho. Viana do Castelo é a primeira cidade do roteiro e a largada para conhecê-la é subindo até o Templo Monumento a Santa Luzia.

Uma estradinha em zigue-zague serpenteia a montanha e leva até a escadaria da igreja. Dedicada ao Sagrado Coração de Jesus (representado pela estátua de bronze na fachada), a obra tem toda a pinta da parisiense Sacré-Coeur. A semelhança não é mera coincidência, já que o projeto foi realmente inspirado na basílica francesa. Vários estilos arquitetônicos se cruzam ali: o gótico se destaca nas três rosáceas emolduradas por vitrais que inundam de luz e cor o interior da igreja.

Com pouco mais de sete décadas, o santuário idealizado em 1898 só foi finalizado em 1943 – desde então, é um ponto de visita e peregrinação, servindo também como mirante. Lá de cima, enxergam-se a parte histórica, os bairros residenciais, o Rio Lima, o Oceano Atlântico e a Praia do Cabedelo, que graças aos ventos constantes é a preferida da turma do kitesurfe e windsurfe. No trecho sul da praia, uma extensa faixa de areia clara traz ares de balneário tropical a Viana.

 

Igreja Sagrado Coração, Viana do Castelo (foto: shutterstock)

A vista panorâmica dá o enredo à visita, mas nada melhor do que parar o carro próximo ao centro histórico e se perder pelas ruazinhas de pedra ladeadas por construções do século 16. Como identificar a época? Descobri depois de uma aula de história com o Francisco, professor, guia e dono da empresa de receptivo Bliss Tours, que me acompanhou durante toda a viagem. “Repare nas colunas retorcidas como se fossem cordas de navio e na esfera armilar (instrumento de navegação que acabou virando símbolo do reinado de D. Manuel I). São referências da época dos grandes descobrimentos de Portugal, quando partimos em busca de um novo mundo”, comenta.

Esse novo mundo veio a se chamar Brasil, e em meio a tantas histórias de colonizados e colonizadores, uma é viva até hoje em Viana do Castelo. Na Praça da República fica um monumento em homenagem a Diogo Álvares Correia, o nosso conhecido Caramuru. O navegador vianense sobreviveu a um naufrágio no litoral baiano em 1509 e acabou acolhido pelos indígenas da tribo dos Tupinambás. Ganhou um novo nome e também o coração da índia Paraguaçu, com quem teve uma penca de filhos – é um dos muitos começos que marcaram o início da nossa sociedade multirracial.

Jorge Amado em Viana do Castelo

E os laços entre Brasil e Viana do Castelo têm mais capítulos. A pastelaria e cafeteria Natário, ponto famoso em Viana, nomeou sua sala de café em homenagem a Jorge Amado e Zélia Gattai. O proprietário da cafeteria, seu Manuel Natário, tornou-se amigo do casal e profundo admirador do escritor. Ali, escolhi uma mesinha e pedi a Bola de Berlim do Natário, a receita mais famosa da casa, bem semelhante a um sonho açucarado com canela e entupido de creme. Há diversas fotos de Jorge na parede e chega a ser curiosa tamanha devoção. “Todo adolescente português leu e se emocionou com Capitães da Areia, enquanto Gabriela foi um marco para a mudança do comportamento feminino no país”, poetiza Francisco.

Mesmo Gabriela mexendo com a cabeça da mulherada, Viana é um lugar que exalta seu passado e suas tradições. Para quem busca comprar objetos autênticos, como as famosas louças de Viana (faiança) e as joias em filigrana (técnica que usa fios finos de ouro ou prata para fazer colares, pulseiras e brincos), não há lugar melhor. Peças de roupa feitas com o bordado minhoto e o conhecido lenço dos namorados, em que jovens solteiras bordavam mensagens cheias de saudade e de erros ortográficos aos seus amores, são mais opções de lembrancinhas.

Pastel do Natário em Viana do Castelo (foto: shutterstock)

Quem quiser ir mais a fundo consegue comprar com facilidade os trajes à moda do Minho. Saias vermelhas ou pretas rodadas com muitos bordados, coletes trabalhados e lenços na cabeça são peças usadas pelas mulheres das aldeias em dias festivos. O assunto é levado tão a sério que existe até o Museu do Traje, com a história e o significado de cada roupa.

 

 

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