Os reflexos do novo coronavírus no Brasil afetaram muito o turismo, que vem se restabelecendo com a flexibilização das medidas de isolamento social.
As medidas de restrição definem que o melhor é evitar aglomerações. Sendo assim, o interesse dos viajantes pelo ecoturismo aumentou, visto que há o distanciamento dos conglomerados formados nas cidades grandes. Um desses destinos é o Jalapão, que possui um trajeto dotado de beleza natural.
Jalapão: um ótimo refúgio em meio à natureza
Sabe aquela expressão “dar um perdido”? Caso esse seja o seu desejo para as próximas férias, considere o Parque Estadual do Jalapão como opção. Lá, o sinal de internet não vence o longínquo Tocantins.
Desconectado, você vai passar dias sem olhar suas mensagens nos grupos de WhatsApp. Então, aproveite para focar na natureza da região. Para chegar a essas terras, é preciso voar até Palmas, a capital do estado, e de lá seguir em um veículo 4×4 por mais 300 quilômetros.
Pelo caminho, muita natureza beira a estrada, que mescla longos trechos de terra e poucos de asfalto. Por fim, o último contato com a “civilização” fica na cidade de Ponte Alta, a 180 quilômetros de Palmas.
O Jalapão é chamado de “deserto de águas” por ter índices baixíssimos de densidade demográfica – 0,8 habitante por quilômetro quadrado. Mas, diferente de um deserto, onde o ambiente é árido e seco, a área é muito bem servida de nascentes e rios.
Portanto, para ver de perto essa riqueza hídrica que abençoa a região, vale parar no cânion Suçuapara, apenas 20 minutos depois de Ponte Alta. O acesso é por uma trilha que leva ao interior da formação. Há, também, um pequeno riacho corta o cânion, abastecido pelas águas que escorrem sem parar pelas fendas das rochas.
Acampamento Korubo
Mais cem quilômetros à frente, surge o acampamento Korubo, meu endereço pelos próximos quatro dias, que, diga-se de passagem, não tem luz elétrica. As amplas barracas de lona, no estilo das usadas pelo exército, acomodam duas camas.
Pequenas lâmpadas de LED ajudam a iluminar levemente o ambiente e facilitam a troca de roupa à noite. Em cada tenda, há um banheiro privativo com sanitário e pia. A parte do banho, por sua vez, fica em uma área reservada com aquecimento solar – nada de água fria.
Nada também de comida enlatada e improvisada, já que um cozinheiro de plantão prepara pratos regionais e outras receitas triviais para matar a fome dos visitantes após os passeios.
Pela manhã, o café vem acompanhado de bolos caseiros, pães de queijo, frios, sucos e frutas servidos em uma cozinha com teto de sapé e chão de areia. Nas outras refeições, a comida também é simples e deliciosa, com direito a vários caprichos, como carne seca na moranga, carne ao vinho e outros mimos.
É bom observar que o Acampamento Korubo não só segue um turismo sustentável, como também é seguro, principalmente quanto às medidas de prevenção contra o novo coronavírus. Assim, a empresa segue os protocolos de higiene e segurança em todas as atividades, incluindo tendas e veículos com ventilação natural.
Outras opções de hospedagem
Se a ideia, entretanto, é aproveitar outras opções de hospedagem no Tocantins, sugerimos a Pousada e Restaurante Mãe e Filhas. Localizada no município de Mateiros, a pousada dispõe de wi-fi gratuito e recepção 24 horas, além de café da manhã continental ou buffet. Reserve aqui.
Outra boa opção no município de Mateiros é a Pousada de Charme Formiga Ecolodge. Bem avaliada no Booking, principalmente por pessoas que viajam sozinhas, a pousada oferece quartos equipados com TV de tela plana. Os hóspedes podem, também, desfrutar de um bar e do jardim da propriedade. Reserve aqui.
Por fim, quem pretende se hospedar em São Félix do Tocantins pode contar com a Pousada São Félix do Jalapão, que oferece quartos para famílias. Todas as acomodações dispõem de mesa de trabalho, TV de tela plana e banheiro privativo, além de ar-condicionado e guarda-roupa. Reserve aqui.
Atividades no Jalapão
O negócio no Jalapão é dormir cedo e acordar junto com as galinhas para aproveitar todas as atrações. Além disso, as atividades são afastadas umas das outras e a maioria é feita por trilhas improvisadas. Então, para chegar, só mesmo em um veículo com tração 4×4. O próprio acampamento disponibiliza caminhonete e motorista. Por isso, quem se aventura sozinho precisa se preparar bem.
Entre os lugares mais consagrados do Jalapão estão seus fervedouros. Primeiramente, paramos no Fervedouro do Soninho, um poço de águas claras, fundo de areia e cercado de bananeiras. Ele virou ponto turístico por ter no fundo uma nascente que jorra água, desencadeando um fenômeno chamado “ressurgência”. Com isso, formam-se bolhas que fazem parecer que a água está fervendo.
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Nesse trecho, os banhistas tentam afundar, mas não conseguem. No Fervedouro da Glorinha, dois quilômetros à frente, acontece a mesma coisa. A sensação é a de pular em uma cama elástica: a água que emerge do fundo e a areia empurram o corpo para cima.
Por mais que você tente, não dá para mergulhar. Além disso, leve dinheiro trocado nesse dia. Afinal, nos dois fervedouros é preciso pagar entrada de R$ 6 e R$ 7, respectivamente, e na Cachoeira da Formiga também (R$ 6), distante nove quilômetros dos poços.
Cachoeiras no Jalapão
E como água é o forte do Jalapão, não poderiam faltar cachoeiras. Duas delas, aliás, merecem destaque: a Formiga e a da Velha. Na primeira, forma-se uma piscina de água verde-esmeralda que rende mergulhos e muitos peixinhos para serem vistos com máscaras.
Só cuidado com os troncos e as pedras no fundo para não se machucar. A cachoeira tem um platô de pedras, sendo possível chegar ali para sentar-se e deixar a água cair, massageando o corpo.
Já na Cachoeira da Velha, o que vale é a contemplação. Ela tem uma queda de 25 metros e, devido à força da água e à correnteza, não é permitido nadar ali. Passarelas de madeira garantem os melhores cliques e o mergulho está liberado poucos metros adiante, em uma prainha de águas rasas e tranquilas.
Além disso, outra atividade que faz sucesso é o rafting no Rio Novo. O próprio acampamento fornece o equipamento de segurança, colete e capacetes, além das canoas e os remos.
O passeio é tranquilo, feito em pouco mais de uma hora e com duas paradas para nadar nas prainhas que se formam ao longo do leito. Marinheiros de primeira viagem na canoagem não precisam se preocupar, afinal, o percurso é bem fácil e exige apenas coordenação na hora da remada.
Serra do Espírito Santo, dunas e mais
Dando um tempo nos passeios aquáticos, a hora de subir a Serra do Espírito Santo é logo que os primeiros raios de sol começam a aparecer. E prepare-se, pois a subida íngreme e cheia de pedras exige fôlego e força nas pernas. Pela trilha, enfim, dá para observar várias espécies da flora local, como, por exemplo, a planta canela-de-ema e a jalapa-do-brasil, que dá nome à região.
A jalapa é um tubérculo que os antigos moradores costumavam misturar à pinga para dar um sabor mais amadeirado. Quando queriam uma dose dupla, pediam um “jalapão”. A chegada ao topo é, enfim, um alívio e a vista compensa todo o esforço. Afinal, os mirantes rendem cliques fantásticos da região.
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Se a Serra do Espírito Santo é um passeio para o começo do dia, para o fim dele não tem lugar melhor que as dunas. Afinal, ver o pôr do sol de lá é imperdível. Formadas por areias de quartzo de coloração dourada, elas se movimentam ao sabor do vento e chegam a ter 30 metros de altura.
A subida é rápida e cansativa, mas todo o esforço vale a pena para curtir a paisagem emoldurada pela Serra do Espírito Santo. O gostoso ali é sentar na areia, olhar o horizonte e ver o sol se despedindo, exclusivamente, de você!
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