A viagem de carro pelo litoral norte baiano é um programa e tanto para quem deseja conhecer mais do estado. Afinal, a porção que inclui desde a zona turística da Baía de Todos os Santos até a fronteira com o estado do Sergipe soma 193 km.

Mas há um trecho bem especial, que parte do Aeroporto Internacional Deputado Eduardo Magalhães, em Salvador (onde se pode alugar o carro), e segue em direção à Costa do Sauípe, passando pela Praia do Forte, Guarajuba e Imbassaí. São ao todo 76 km percorridos pela BA-099, que ganha o nome de Estrada do Coco nos primeiros 50 km e, depois, passa a se chamar Linha Verde.

Em cada um desses lugares, praias, pousadinhas e hotéis garantem férias com tudo aquilo que se espera da Bahia: sol, mar, sabor, sem falar do sossego, muito sossego. Confira o nosso roteiro pelo litoral norte baiano.

 

Conhecendo o litoral norte da Bahia 

 

Arembepe – 25 km de Salvador

Partindo de carro da capital baiana, a primeira parada no roteiro é em Arembepe, no município de Camaçari. A dobradinha praia e coqueiral está garantida ali, com a diferença de que o mar é mais claro e mais bravo do que em Salvador.

Motivo que, aliás, explica por que faz mais sucesso com a turma do surfe do que entre os banhistas. O mergulho mais tranquilo acontece na Praia do Piruí, protegida por arrecifes que ajudam a formar piscinas naturais na maré baixa. Rústica e menos badalada que a Praia do Forte, Arembepe, por sua vez, tem um centrinho simples e uma sede do Projeto Tamar (R$ 10) aberta aos visitantes, que podem acompanhar a alimentação das tartarugas marinhas e conhecer mais das espécies ameaçadas.

Entretanto, não foi a praia, muito menos as tartarugas que colocaram Arembepe no mapa. No final dos anos 1960, um grupo de jovens fundou ali uma comunidade hippie no embalo “paz e amor” que já havia tomado conta do mundo. Os anos passaram, o movimento virou uma lembrança, mas a comunidade se manteve de pé.

Restaurante em Arembepe, no litoral norte da Bahia
Restaurante na comunidade hippie de Arembepe (foto: shutterstock)

 

Circulando pela Vila

Uma estrada de terra liga o centrinho da vila até o reduto hippie, distante 3 km. Fica em meio às dunas, entre o Rio Capivara e o mar. Na entrada, uma placa recorda os tempos áureos do lugar, quando, dizem, o cineasta Roman Polanski, a cantora Janis Joplin e o vocalista do Rolling Stones, Mick Jagger, passaram um tempo ali curtindo a vibe.

Verdade ou não, quem circula hoje pela vila são poucos moradores, que vivem em casas de pedra e sapé, mochileiros estrangeiros torrados de sol (que ficam no camping ao lado) e os visitantes de passagem que espiam a feirinha de artesanato.

E foi na vila hippie que o baiano João conheceu o belga Thierry, em meados dos anos 1980, e juntos abriram o restaurante Mar Aberto, focado em frutos do mar. Em frente à praia e com visual lindo para as piscinas naturais, a casa tem clima simples e cordial.

Arembepe
Feira de artesanato em Arembepe (foto: shutterstock)

 

Guarajuba – 10 km de Arembepe e 35 km de Salvador

Muitas pessoas que trabalham no Polo Petroquímico de Camaçari moram nos condomínios de Guarajuba, próximos à praia. Os soteropolitanos, por sua vez, também buscam o endereço como alternativa de casa de veraneio em uma enseada tranquila e segurada por muros altos. Bem no canto da praia repousa o resort Vila Galé Marés, hotelzão all-inclusive com mais de 500 acomodações entre apartamentos, suítes e chalés.

Pé na areia e esparramado em uma área de 200 mil m², o resort tem apelo família com hospedagem gratuita para duas crianças de até 12 anos, no mesmo quarto dos pais. Além disso, a piscina é bem agradável, com bar molhado e diversas espreguiçadeiras. Ou seja, é fácil e cômodo conseguir um lugar ao sol.

Entre os destaques, o spa Satsanga empolga com piscina interna, hidromassagem e sala para fazer um banho turco em plena Bahia. E como um bom all-inclusive, não falta o amplo bufê mesclando comida regional e internacional. Clique aqui para ver fotos do resort e o preço da diária.

Piscina do Vila Galé Mares
Piscina do Vila Galé Marés (foto: divulgação)

 

Quarto da categoria Chalé Master
Quarto da categoria Chalé Master (foto: divulgação)

 

Praia do Forte – 15 km de Guarajuba e 50 km de Salvador

Chegou a vez da praia mais pop do litoral norte de Salvador. A Praia do Forte é o endereço da principal base do Projeto Tamar, que há 30 anos realiza um amplo trabalho de preservação das tartarugas marinhas.

A unidade foi aberta em 1982 e, desde então, esse trechinho do litoral baiano tornou-se um símbolo de conscientização ecológica. Não demorou muito para atrair os olhares das grandes redes hoteleiras, como, por exemplo, o Tivoli Ecoresort e a cadeia espanhola Iberostar, além de diversas pousadas.

Entre tanques e aquários, o Centro de Visitantes do Projeto Tamar (tamar.org.br, R$ 30) soma 600 mil litros de água salgada, onde vivem as quatro espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil.

Por fim, os visitantes conferem filmes e exposições de fotos, além de acompanhar a alimentação das tartarugas e também de tubarões. Visitas guiadas, aliás, são uma boa forma de entender melhor o projeto e todas as ações realizadas.

Vista aérea do Projeto Tamar
Vista aérea do Projeto Tamar (foto: shutterstock)

 

Projeto Tamar
Projeto Tamar (foto: shutterstock)

As crianças, por sua vez, podem participar de atividades como a “biólogo por um dia” e ver a exposição Submarino Amarelo, sobre animais de águas profundas (ambas pagas à parte).

 

Baleias Jubarte e mais

Distante 20 minutos de caminhada da vila da Praia do Forte, as piscinas naturais do Papa-Gente rendem um mergulho bem tranquilo durante a maré baixa. Quando o mar recua, esse pedaço da praia vira um piscinão cheio de peixinhos. Outro passeio é o Centro de Visitantes da Baleia Jubarte (baleiajubarte.org.br, R$ 10), figura ilustre que migra para o litoral norte da Bahia a fim de se reproduzir entre os meses de julho e novembro.

O espaço conta com um esqueleto de Jubarte com 13 metros e anfiteatro com vídeos e documentários sobre os hábitos desses animais gigantescos. Inclusive, é dali que partem os passeios de escuna para observá-las. Enquanto isso, fora dos hotéis, a vida na Praia do Forte gira ao redor da charmosa vila de pescadores, cuja avenida Antônio Carlos Magalhães é a veia central.

Rodeada por tendinhas de biquínis, cangas, artesanato e muitos restaurantes, a rua tem butiques bacanas com fachadas envidraçadas e ar-condicionado, que dão um ar de Búzios ao centrinho baiano.

Sendo assim, as associações de artesãos aproveitam o movimento para venderem seus trabalhos feitos com sementes de açaí e de pau-brasil, convertidos em colares e pulseiras. Já a palha de piaçava, por sua vez, vira bolsa e a palha de coco, cestos e jogos americanos.

 

Saboreando a culinária nordestina

Por ali, come-se bem também, especialmente nas casas de culinária nordestina. O Bar do Souza abastece os visitantes com bolinhos crocantes de peixe e caipirinha de cajá. Há, também, o risoto de camarão com coco, que empolga no Terra Brasil, enquanto o Made in Bahia foca nos pescados e nas mariscadas. Por fim, simples e saboroso, o Point da Lu arranca suspiros com suas moquecas.

Para levar para casa, o stop pode ser nos quiosques que vendem pimentas, manteiga de garrafa, cachaças artesanais, geleias, cocada e licores de jenipapo, jambo, cajá… Para acrescentar um pouco de história à viagem, o Castelo Garcia D’Ávila cumpre o papel. Considerado uma das primeiras edificações portuguesas no Brasil, ele começou a ser construído no século 16 e serviu de morada ao fidalgo Garcia.

Apesar do nome, não chega a ser um castelo nem um forte, mas uma grande casa que foi sede do maior latifúndio do país na época e que, por fim, acabou dando origem a um dos vilarejos mais charmosos e ecologicamente corretos do Brasil.

Castelo Garcia D’Ávila
Castelo Garcia D’Ávila (foto: shutterstock)

Para dias de sossego

Para quem vai ao litoral norte da Bahia, duas opções despontam na Praia do Forte para viajantes em busca de um resort. O primeiro deles é o Tivoli Ecoresort, aberto há mais de 30 anos. Com as questões ambientais em seu DNA, o resort construiu sua história baseado em uma interessante sintonia entre conforto e natureza.

Esse conceito é também a base da a arquitetura, que segue uma linha rústico-chique e destaca o uso da madeira, do sapé e o artesanato local. Pé na areia e cercado de mata nativa, tem acomodações divididas em blocos de apenas dois andares – a varanda com redes e vista para o mar é comum a todos.

Tivoli Ecoresort
Espelho d´água com espreguiçadeiras no Tivoli Ecoresort (foto: divulgação)

 

Vista aérea do Tivoli Ecoresort Praia do Forte
Vista aérea do Tivoli Ecoresort Praia do Forte (foto: divulgação)

O que separa os quartos da praia é apenas um belo e amplo jardim e uma fileira de coqueiros. Além da praia, outro cartão-postal do Tivoli são as espreguiçadeiras que ficam dentro do espelho d’água e a piscina de borda infinita que amplia o horizonte em tons de azul. O hotel funciona no sistema de meia pensão, servindo o café da manhã e o jantar, com diárias a partir de R$ 1.120 para casal. Além disso, é possível ir caminhando do hotel até o centrinho da vila, pela praia. Clique aqui para ver mais fotos do resort e fazer sua reserva.

 

Iberostar Bahia e Iberostar Praia do Forte

Distante 3 km da vila, os resorts Iberostar Bahia e Iberostar Praia do Forte são vizinhos e, juntos, somam mais de mil apartamentos, dez restaurantes, além de spa, kids club e campo de golfe de 18 buracos. Ambos são cinco estrelas e all-inclusive.

O ponto alto é o conjunto de piscinas contornado por um coqueiral. No Praia do Forte, o brinquedão aquático que reproduz um navio pirata é a sensação entre os pequenos. A parte gastronômica, por sua vez, também chama a atenção, já que tem um bufê principal muito bem servido e diversos restaurantes de especialidades inclusos nas diárias que custam a partir de R$ 1.230 para casal. Clique aqui para ver fotos do resort e fazer sua reserva.

Piscinas do Iberostar Praia do Forte
Piscinas do Iberostar Praia do Forte (foto: divulgação)

 

Piscinas do Iberostar Bahia
Piscinas do Iberostar Bahia (foto: divulgação)

 

Imbassaí – 10 km da Praia do Forte e 60 km de Salvador

Foram os índios que deram o nome à praia: Imbassaí, em tupi, significa “caminho do rio”. Ali, o Rio Imbassaí corre paralelo ao mar, separando-se dele apenas por dunas e um coqueiral.

Em um determinado trecho, as águas se encontram, para alegria dos banhistas. As barracas ficam entre o rio e o mar – a maioria à beira da água doce. Nos fins de semana rola uma muvuca light nelas. Porções de caranguejos e pititinga frito (tipo de peixe) são as preferências. Enquanto isso, baianas também apimentam as areias de Imbassaí com seus tabuleiros de acarajé.

Encontro do Rio Imbassaí com o mar
Encontro do Rio Imbassaí com o mar (foto: shutterstock)

 

O primeiro resort all inclusive

Mas o movimento maior é só ali mesmo; no restante, a praia é uma calmaria só. Imbassaí despertou para o turismo a partir da inauguração da Linha Verde. Depois da construção dessa estrada, começaram a pipocar os primeiros restaurantes caprichados. Fica tudo reunido nas poucas ruazinhas que formam o vilarejo. E então, há alguns anos, chegou o primeiro resort all-inclusive, o Grand Palladium Imbassaí, que fica a 2 km do centro.

Em meio à mata nativa, o hotel é um amplo complexo com piscinas, seis restaurantes e suítes que acomodam bem casais em busca de tranquilidade. As diárias custam a partir de R$ 1.600 para casal. Clique aqui para ver fotos do resort e fazer sua reserva.

Piscina do Grand Palladium Imbassaí
Piscina do Grand Palladium Imbassaí (foto: divulgação)

 

Suíte do Grand Palladium Imbassaí
Suíte do Grand Palladium Imbassaí (foto: divulgação)

 

Costa do Sauípe – 20 km de Imbassaí e 80 km de Salvador

Finalizamos nosso roteiro pelo litoral norte da Bahia no complexo Costa do Sauípe, que, certamente, ajudou os brasileiros a se acostumarem com as palavras “resort” e “all-inclusive”. A vida no Sauípe gira em torno dos seus três conjuntos de hotéis. Ou seja, são mais de 1.500 acomodações, todas cobertas pelo sistema all-inclusive.

Desde que foi adquirido pelo Grupo Aviva – que também administra o Rio Quente Resorts, em Caldas Novas –, o Costa do Sauípe tem modernizado bastante sua infraestrutura. Apartamentos e áreas de lazer foram reformados e a pavimentação da orla foi feita para aproximar os quartos ainda mais do mar. Por fim, cada hotel tem uma característica diferente.

Sauípe Resorts
Sauípe Resorts (foto: divulgação)

 

Quermesse da Vila no Costa do Sauípe
Quermesse da Vila no Costa do Sauípe (foto: divulgação)

 

Opções para toda a família

Quem procura suítes com vista para o mar e serviços selecionados fica no Sauípe Premium. Já o Sauípe Resorts, maior do complexo, com quatro alas de hospedagem, é mais família.

Portanto, ele dispõe de dez piscinas, onde rolam diversas atividades recreativas e um restaurante em cada ala. A outra opção é o Sauípe Pousadas, de arquitetura inspirada nos vilarejos baianos, com 147 acomodações que homenageiam as obras de Jorge Amado. Ao todo, são 21 piscinas e vários centros de atividades. Ou seja, opções para toda a família. Clique aqui para ver fotos do Sauípe Resorts e o preço da diária.

 

Sauípe Náutica

Por fim, o Sauípe Náutica é onde rolam as atividades de pedalinho, caiaque, tirolesa e stand up paddle na lagoa. Há, também, a Vila Nova da Praia, que traz o ar histórico da Bahia com igreja, lojas, bares, restaurantes e apresentações artísticas.

A Quermesse da Vila, que mantém durante o ano todo um visual colorido e alegre, remete aos pequenos parques de diversões itinerantes, com roda-gigante, carrossel e a nova Casa Mal-Assombrada, que dá arrepios aos hóspedes acima de 10 anos. Tudo isso construído em meio a dunas e coqueirais, enfatizando o que o litoral norte da Bahia tem de mais gostoso e especial.

 

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