Antes de chegar aos Estados Unidos, os brasileiros precisam pagar uma espécie de pedágio atualmente: uma quarentena de 2 semanas completas em outro país. Curioso para saber como é? Então leia abaixo a segunda parte da nossa aventura.

Ok, então você já leu a parte 1 do relato da epopeia rumo à vacinação nos Estados Unidos e decidiu encarar os riscos e fazer a quarentena em algum país da América Latina/Caribe que esteja aberto para brasileiros (lembrando nossas principais recomendações: República DominicanaCosta RicaMéxico e Colômbia).

Qual o próximo passo? Antes de sonhar com a sua imunização em solo norte-americano, é preciso se preparar para os desafios dessas duas semanas de espera. Você provavelmente vai sentir ansiedade, um pouco de medo, mas também vai se divertir, relaxar sempre que possível, e acima de tudo, vai viver uma experiência e tanto.

Listamos abaixo as principais dúvidas relacionadas à quarentena, sempre baseados na experiência vivida por mim:

 

Como faço o processo de escolha para minha hospedagem durante a quarentena?

Pesquise bastante antes de decidir seu local de quarentena e seu hotel. Um item importantíssimo a ser levado em conta é o padrão de limpeza do lugar que você escolher para se hospedar, e se estão seguindo os protocolos de higiene e segurança sanitária. Leia avaliações de outros hóspedes, converse com um bom agente de viagens, e tome sua decisão com calma. Não priorize apenas o menor preço, pois você pode acabar se dando muito mal.

 

Posso pegar um voo com conexão nos Estados Unidos para chegar ao destino da quarentena?

Não! Os Estados Unidos não estão aceitando estrangeiros que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias, mesmo que seja apenas para uma conexão em algum aeroporto norte-americano.

 

Devo calcular 14 ou 15 diárias para a quarentena?

Sugerimos calcular 15 diárias, pois a exigência é que você não tenha estado em território brasileiro nos últimos 14 dias completos. Vai que seu voo de ida atrasa, por exemplo, e você acaba chegando ao destino de quarentena várias horas depois do previsto, ou somente no dia seguinte… por isso é importante contar com uma margem de segurança de pelo menos um dia.

A companhia aérea que te levará para os Estados Unidos vai conferir, no momento do check-in, a data de entrada no destino da quarentena, através do carimbo no seu passaporte. Também podem pedir que você mostre sua passagem de ida. Então não dê chance para que o problema apareça.

 

E o risco de pegar COVID-19 durante a viagem, principalmente durante a quarentena?

Ele existe, e sendo bem sincero, não é tão baixo. Por diversas vezes eu fiquei com medo e me senti exposto, e essa sensação vira e mexe ainda me persegue, mesmo após eu ter tomado a vacina. Infelizmente, o comportamento negacionista não é exclusividade brasileira.

Parece até que outras nacionalidades adotam uma postura ainda mais negligente. Não usam máscara, ou se as utilizam, é de forma totalmente inadequada; e poucos respeitam o distanciamento social. Desde o aeroporto e o avião até a chegada aos Estados Unidos, perdi as contas de quantas vezes vi atitudes erradas. Por isso, para se proteger ao máximo, você tem que confiar no seu próprio bom senso, e redobrar os cuidados que já toma no Brasil.

 


Algumas dicas:

1) Usar máscaras do tipo N95/PFF2 nos aeroportos e durante os voos, e em qualquer ocasião onde você esteja em um lugar repleto de gente;
2) Tirar a máscara o mínimo possível durante o voo. Não é porque o passageiro ao lado está fingindo que está comendo há mais de uma hora apenas para ficar sem a máscara que você precisa fazer o mesmo;
3) Uma vez em seu destino de quarentena, evitar aglomerações. Se estiver em um hotel, tente não comer nos restaurantes do resort durante os horários de pico; dê preferência a mesas do lado de fora, ao ar livre; e se não sentir total segurança, coma dentro do quarto, se possível. Também evite frequentar bares e outros lugares onde as pessoas costumam falar alto e sem o uso da máscara. Nas piscinas, sempre há uma parte mais tranquila, com menos gente, e encontrar espaços amplos na praia não é nem um pouco difícil.


 

Estou me sentindo inseguro(a) com os protocolos de segurança do meu hotel. O que devo fazer?

Procure imediatamente a gerência e exponha sua insegurança e insatisfação. Tudo que qualquer estabelecimento turístico menos quer atualmente é ficar com sua imagem atrelada a sujeira, risco sanitário e desrespeito aos protocolos. Com certeza, ao receber sua reclamação ainda durante a estadia, a equipe do hotel se esforçará ao máximo para melhorar sua impressão e trazer mais conforto e segurança para a sua experiência.

 

Os hóspedes não estão usando máscara. Posso reclamar?

É um ponto complicado, pois na prática, é impossível o hotel monitorar constantemente cada hóspede. E muita gente que frequenta os principais destinos de quarentena já está vacinada (público majoritariamente norte-americano). Mesmo sendo errado, eles se dão ao direito de não utilizar mais a máscara, ou se a utilizam, é sempre da forma errada, com o nariz descoberto, ou apoiando-a no queixo.

Vale a regra de ouro: garanta a sua própria proteção, e redobre os cuidados que você já tomava no Brasil! Se mesmo assim você se incomodar com o comportamento dos demais hóspedes, utilize o bom senso: na praia e na piscina, e em outros locais bem abertos e arejados, você pode se afastar e procurar um lugar mais tranquilo para ficar. Mas se você vir pessoas sem máscara dentro do buffet do hotel, por exemplo, pode (e deve) reclamar com os funcionários responsáveis. Procure não brigar diretamente com os hóspedes.

 

É seguro sair para passear durante a quarentena?

O principal motivo da quarentena é se preservar para chegar aos Estados Unidos sem pegar a COVID-19. Você até pode fazer alguns passeios, mas saiba que estará aumentando seu risco de forma considerável. Nas minhas 2 semanas de quarentena, eu fiquei enfurnado dentro do resort.

Se você não aguentar e quiser de qualquer jeito sair para um passeio, procure tours privativos, ou com grupos bem reduzidos, feitos por empresas bem avaliadas, ou recomendadas pelo seu hotel. Mas reafirmo aqui que passear não deveria nunca ser um dos propósitos de uma quarentena.

 

Puxa, mas com tantas restrições, mais parece que estou em uma prisão. Não dá para se divertir nem um pouquinho?

Claro que dá! Basta você viajar ciente das limitações que uma quarentena feita de forma segura e responsável impõe, aceitando que, mesmo que você siga todos os protocolos, sempre correrá algum risco, por menor que seja (por falar nisso, não se esqueça de viajar com um bom seguro com cobertura para o coronavírus).

Eu sou uma pessoa bastante cuidadosa (alguns diriam paranoico), e mesmo assim, consegui me divertir e relaxar durante minha quarentena. Abri mão de bastante coisa: não comi em todos os restaurantes do hotel, já que evitava aqueles que eram em ambientes fechados; não assisti aos shows que eram apresentados todas as noites; não socializei com outros hóspedes.

Mas ao mesmo tempo, me familiarizei com lugares dentro do resort onde eu me sentia mais seguro, fiz amizade com alguns funcionários que sempre me atendiam, e curti bastante os espaços mais isolados na praia e na piscina. E, à minha maneira, me diverti sim.

 

É verdade que devo fazer um teste para detecção da COVID-19 antes de embarcar para os Estados Unidos?

Sim, deve! E se não o fizer dentro do prazo determinado, não embarcará para os Estados Unidos. A norma em vigor atualmente determina que seja feito um teste antígeno ou PCR até 3 dias antes do voo para os EUA. Supondo que seu voo saia na sexta-feira, você poderia fazer o exame a partir da terça-feira, portanto. Boa parte dos bons resorts all-inclusive de destinos como Cancún e Punta Cana fornece o teste antígeno de graça para os hóspedes.

Se você preferir o PCR, que é um pouco mais completo e possui uma dose maior de confiança, terá que pagar uma taxa à parte. O exame é feito dentro do hotel, em dia e hora pré-agendados. Se você estiver hospedado em uma casa ou apartamento alugados, deverá procurar por conta própria um laboratório de confiança para fazer o teste dentro do prazo determinado.

Não tente dar uma de espertinho(a) e comprar um laudo falsificado. Além da extrema desonestidade e falta de consideração ao próximo que isso representa, as companhias aéreas já possuem mecanismos para detectar eventuais testes falsos.

 

E se meu teste der positivo para a COVID-19?

Você não poderá embarcar para os Estados Unidos e nem poderá retornar ao Brasil. Ou seja, terá de passar mais 14 dias dentro do hotel, desta vez em quarentena total no quarto. Por isso que digo e repito: a coisa que você menos quer durante a quarentena é pegar coronavírus.

Então não marque bobeira. Evite aglomerações, não fique socializando com outros hóspedes (principalmente se eles estiverem sem máscara), tente não sair para passear… enfim, se resguarde, pois seu objetivo principal não está no destino da quarentena, mas na chegada aos Estados Unidos. Alguns resorts all inclusive oferecem a hospedagem gratuitamente durante 14 dias para hóspedes que porventura testem positivo para a COVID-19.

 

E antes de embarcar para os Estados Unidos, quais são os procedimentos que devo seguir, além do teste para COVID-19?

Você precisará apenas preencher um formulário de saúde eletrônico. A maioria das companhias aéreas dos Estados Unidos já possui parceria com aplicativos que reúnem em um só lugar todas as informações sobre seu teste para a COVID-19, seu preenchimento do formulário, e os dados do seu voo, funcionando assim como uma espécie de passe de saúde.

Um bom exemplo é o aplicativo VeryFLY, utilizado pela American Airlines. Nele, você cria seu próprio perfil com foto, adiciona seus dados pessoais, as informações do voo, incluindo aí o cartão de embarque, sua foto, e junta todos os documentos necessários para embarcar rumo aos EUA, como o resultado do teste para a COVID-19 e o formulário eletrônico. Todo o processo de análise dos documentos é feito dentro do próprio aplicativo. Ele funciona como uma espécie de pré-checagem.

Você passou por todo o processo de decisão sobre fazer ou não essa viagem; e sobreviveu incólume à quarentena. É chegada a tão sonhada hora de embarcar rumo aos Estados Unidos, e, se tudo der certo, finalmente receber a sua vacina! Vamos falar sobre o final desta aventura na terceira e última parte da nossa série de matérias especiais.

 

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