Paredões de granito anunciam a chegada do Yosemite Park: eles são altos, imponentes e conquistadores. Em seguida, vêm as cachoeiras escorrendo com força do topo dos rochedos e tomando conta de tudo. Um rio que corre sem pressa e reflete as montanhas ao seu redor completa o cenário. É apenas o começo de um dia – melhor ainda se forem dois ou três – de muitas emoções. Bem-vindo ao Yosemite National Park, na Califórnia, um dos 58 parques nacionais norte-americanos e o terceiro mais antigo do país. É formado por quatro regiões: Yosemite Valley, Wawona, Hetch Hetchy Valley e Tuolumne Meadows. Pronto para se apaixonar? Então, saiba que o Yosemite é desses lugares que conquista em poucos segundos. Mesmo depois de 15 visitas, não consigo me acostumar com tanta beleza e sigo suspirando sempre.

PREPARA!

Como chegar:

Alugar carro é uma boa opção para explorar o Yosemite, que fica a cerca de 250 km de São Francisco. No caminho, aliás, vale parar no mirante da represa Don Pedro, que fica na Highway 120. Também dá para ir de ônibus com a empresa Grey Hound, que conecta São Francisco à cidade de Merced, nas imediações do parque. Merced é um dos pontos de parada do Yarts, linha de ônibus local que conecta o Yosemite Valley e o bosque das sequoias gigantes às cidades vizinhas, com quatro rotas distintas (veja mais em yarts.com). A linha de trem San Joaquin, da empresa Amtrak, liga Emeryville, próxima a São Francisco, a Merced (amtrak.com). O ônibus local entre Merced e a entrada do Yosemite, que fica perto à cidade de El Portal, já está incluso na passagem do trem. Chegando em El Portal, pegue o Yarts até o Yosemite Valley.

Como se locomover:

O parque conta com ônibus gratuito, o Yosemite Valley Shuttle, que conecta os visitantes aos destaques de visitação. São 20 paradas, incluindo pontos de início de trilhas famosas, hotéis, centro de visitantes e bolsões de estacionamento. Você pode vir de carro, estacionar e usar o transfer interno para ir de um local ao outro no parque sem ter que ficar dirigindo, afinal, na alta temporada, buscar vaga perto de cada atrativo é tarefa dura. Há bolsões de estacionamentos bem sinalizados, assim como estacionamentos menores próximos às principais atrações. Também é possível alugar bicicletas no Yosemite Valley Lodge e no Curry Village, entre abril e outubro, a partir de US$ 40 por dia. Há trilhas bem demarcadas espalhadas por todo o Vale.

Quando ir:

Durante o inverno (de novembro a fevereiro), equipe seu carro com correntes nos pneus para dirigir na neve. A primavera (abril a junho) marca o início do degelo e é o melhor período para ver a beleza do parque. Já no verão (julho e agosto), as cachoeiras começam a secar. É a época mais lotada, por isso, a dica é chegar antes das 8h para evitar filas (que podem levar mais de uma hora) e estacionar no centro do Yosemite Valley tranquilamente. Uma das atividades mais gostosas nesse período é descer o rio de bote inflável ou em boias, disponíveis para locação no parque. O outono (setembro e outubro) é época de cachoeiras secas e temperaturas amenas, boa para fazer trilhas mais longas.

Quanto tempo ficar:

Reserve pelo menos três noites para visitar os principais mirantes e fazer algumas trilhas.

Onde ficar:

Hospedar-se dentro do Yosemite Park, e de preferência no Yosemite Valley, é certamente uma experiência imbatível. As opções, porém, são escassas e concorridas, com reservas que podem ser feitas até um ano antes. Também é possível dormir nas cidades ao redor do parque, como em El Portal, Groveland, Buck Meadows, Oakhurst e Mariposa, por exemplo.

Quanto custa:

O ingresso custa US$ 35 por carro ou US$ 20 para quem vem de ônibus Yarts. A validade é de sete dias e você pode comprar na entrada do parque. Guarde o recibo, pois ele será checado na saída.

Yosemite Falls (foto: shutterstock)

Yosemite Valley

O Yosemite Valley é o principal ponto de visitação, que concentra alguns dos cartões-postais mais famosos da região, como os paredões de granito Half Dome e El Capitán, as cachoeiras Bridal Veil e Yosemite Falls e o mirante Tunnel View. É também onde estão as principais trilhas. Reserve pelo menos um dia inteiro no Valley, começando, em primeiro lugar, com uma parada no Half Dome View. De lá é possível enxergar os paredões de granito que dão fama ao parque, como o Half Dome – cujo formato lembra um domo partido ao meio – e o El Capitán, que conquistou as telas dos cinemas com o documentário Free Solo (assista!).

Minha recomendação para os próximos km é: dirija devagar e pare sempre que conseguir. Há pequenos estacionamentos na beira da estrada e o meu preferido fica bem na saída do primeiro túnel, do lado direito. Tem vistas lindas do Yosemite Valley sendo cortado pelo Rio Merced, com a cachoeira Bridal Veil no fundo, mas só vale a pena se as quedas estiverem cheias. Em seguida, dirija mais uns dez km para chegar a ela, que é uma das poucas cachoeiras do parque que não desaparecem no verão (junho a setembro), ainda que suas águas fiquem ralinhas. O estacionamento amplo fica na beira da cachoeira e é um dos melhores lugares para fotografar seus 188 metros de altura por inteiro. A trilha de acesso à Bridal Veil é curta (800 metros ida e volta), 100% acessível e leva ao pé dela.

Tunnel View

Coladinho à cachoeira está o Tunnel View, o mirante mais popular do Yosemite. É sua chance de refazer a foto de Ansel Adams, que em 1938 revelou o parque para o mundo. A imagem Gates of Paradise (Portões do Paraíso), feita por esse fotógrafo americano, mostra uma versão bem parecida com a que você verá no mirante: um corredor espesso de pinheiros pontudos atravessando a fileira de granitos, junto à delicadeza da Bridal Veil. A parada merece ser feita em qualquer estação do ano, mas fica ainda mais especial durante o inverno, com os pinheiros enfeitados pelo branco da neve, que forma uma capa espessa no topo das montanhas. O nome do mirante – “vista do túnel” – é graças ao túnel de pedra que você atravessará a seguir.

Glacier Point

A Glacier Point Road, aberta entre o final de maio e outubro, conecta o Yosemite Valley ao mirante mais espetacular do parque, o Glacier Point. Vale fazer o trajeto o mais cedo possível, já que ele é superconcorrido e, dependendo da lotação do parque, há até operação comboio na subida para controlar a quantidade de carros. No caminho, não deixe de parar no Washburn Point, que tem uma vista bem interessante e diferente do Glacier Point. Dirija devagar, pois no verão há grandes chances de você esbarrar com um urso – e, por conta disso, nem pense em sair do carro.

Enfim no Glacier Point, uma pequena trilha 100% pavimentada conecta o estacionamento aos mirantes. A primeira parada, na boca do estacionamento, dá uma perspectiva bacana do Half Dome. Aqui do alto dá para ver direitinho o formato arredondado, quase delicado, da montanha em contraste com a outra face reta e o esplendor das cachoeiras Nevada e Vernal logo abaixo. O mirante principal fica um pouco acima – uns cem metros de caminhada fácil – e tem uma vista completinha do Vale, com direito a um vistão da Yosemite Falls. A cachoeira é a mais linda do parque e a quarta mais alta do mundo.

Uma das formas mais deliciosas de explorar o Glacier Point é fazendo uma trilha. Para poupar a subida, a dica é o Glacier Point Tour, ônibus que leva ao mirante no topo da montanha (US$ 28,50). De lá é fácil começar a trilha que desce até o Yosemite Valley. Quem quiser caminhar o circuito completo, pode subir a pé pela Four Mile Trail (7,5 km) e descer pela Panorama Trail (13,5 km). As vistas são lindas, mas é puxado, viu?

Yosemite Falls

Dirigindo de volta ao Yosemite Valley, chegou a hora de ver a Yosemite Falls de pertinho. Essa é uma cachoeira sazonal, ou seja, ela seca completamente no verão. Contudo, durante a primavera e o inverno, proporciona algumas das vistas mais espetaculares do parque. Há vários mirantes lindos para ver as quedas, que vão pipocar do lado esquerdo do seu carro: Sentinel Beach (uma das praias do Rio Merced e um lugar delicioso para curtir nos meses mais quentes), Swinging Bridge (atravesse a ponte e faça uma caminhada pela região), Sentinel Bridge (um dos melhores lugares no vale para fotografar o Half Dome e o ponto perfeito para ver as duas metades da Yosemite Falls juntas) e a Yosemite Chapel (uma capelinha fotogênica).

Aqui, vale deixar o carro estacionado em um dos bolsões do parque e pegar o shuttle gratuito ou caminhar até o ponto de início da trilha da Lower Yosemite Falls (a volta completa tem 1,6 km de caminhada fácil). Por fim, concluindo o circuito, a última parada é o Valley View, uma perspectiva especial com o Half Dome e a Bridal Veil no mesmo plano.

Tunnel View (foto: shutterstock)

 

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Força nas canelas

Para quem quer conhecer o Yosemite de verdade, nada como botar o pé na estrada e se aventurar por uma das trilhas do parque. Há opções para todos os níveis de preparo físico. Algumas das minhas preferidas são:

Mirror Lake (fácil – 3,2 km para chegar ao lago e voltar): é uma trilha sazonal que proporciona vistas lindas das montanhas do Yosemite, refletidas no lago como se fosse um espelho. Quem se empolgar pode dar a volta completa em torno do lago e andar mais oito km.

Mist Trail – Vernal e Nevada Falls (moderada a difícil – entre 2,6 e 8,7 km): dá para ir somente até o pé da Vernal Falls e já curtir um visual incrível. O melhor é que tanto a Vernal quanto a Nevada Falls possuem água o ano todo, ou seja, uma ótima pedida para um mergulho no final da trilha. Minha dica é começar cedo, fazer um piquenique e caminhar até onde der. Quem sabe assim você não chega até o topo do Nevada?

Upper Yosemite Falls (difícil –11,6 km): subir até o topo da cachoeira mais alta do parque é um verdadeiro privilégio. Uma chance fantástica de nadar nas piscinas naturais formadas pelas quedas e tirar fotos espetaculares do vale.

Half Dome (difícil – 22,7 km): a trilha mais concorrida do Yosemite, e também de alta dificuldade, funciona com um sistema de permissões por sorteio. A subida começa pela Mist Trail e passa por algumas cachoeiras até o pé do Half Dome. O trecho final da subida é feito com a ajuda de cabos de aço e as vistas lá do alto são de outro planeta.

Mist Trail (foto: shutterstock)

Wanona

A segunda região mais visitada do Yosemite ganhou sua fama graças ao Mariposa Grove, o maior dos três bosques de sequoias gigantes do parque. O acesso ao bosque é feito por um sistema de transporte gratuito, que funciona entre março e outubro, conectando o centro de visitantes Mariposa Grove Welcome Plaza ao ponto de início da trilha. Chegue cedo pois, apesar de amplo, o estacionamento lota no meio da manhã.

O deslocamento entre o Yosemite Valley e o ponto de início do passeio leva cerca de uma hora. O ônibus deixa de frente para uma fileira imponente de sequoias gigantes. Repare no tom avermelhado da casca e em como elas se destacam das demais árvores do bosque. Eu sempre digo que não importa quantas vezes você já viu uma sequoia antes, o contato com os maiores seres do planeta é sempre um privilégio. Para curtir o passeio de verdade, percorra pelo menos uma das trilhas do Mariposa Grove. A menor delas, de meio quilômetro, conta com uma dezena de sequoias adultas e uma árvore caída que vai ajudar aperceber a dimensão dessas gigantes. É surreal.

Grizzly Giant

Já que estamos falando em grandezas, minha sugestão é a trilha Grizzly Giant (3,2  km em dificuldade média), que leva até a Grizzly Giant, uma árvore com galhos tão fortes e grandes que mais parecem braços musculosos. Além disso, de quebra, você também passará por outros dois pontos especiais: o Bachelor and the Three Graces (um conjunto de quatro sequoias lindíssimas) e a California Tunnel Tree (uma árvore com um túnel esculpido).

Pioneer Village

Além das árvores gigantes, Wawona conta com a Pioneer Village, um pedacinho histórico que mostra como foi o começo da exploração do parque, com direito a exibições educativas, casas-museus, uma ponte de madeira fotogênica, carruagens antigas, um celeiro que oferece cavalgadas pela região e o hotel histórico Wawona, uma opção bem gostosa para almoçar – que abre só de abril a dezembro. Durante o inverno (novembro a início de março), porém, a estrada que leva ao bosque de sequoias fica interditada pela neve. O passeio pode ser feito com o auxílio de sapatos de neve ou esqui cross-country, mas a trilha é pesada e você terá que caminhar ao todo sete km nessas condições. Portanto, é só para quem tem excelente preparo físico e é acostumado com atividades de neve.

California Tunnel Tree (foto: shutterstock)

Hetch Hetchy Valley

Uma estradinha meia-boca conecta a Highway 140 à entrada noroeste do Yosemite. É um local ainda pouco explorado do parque e conhecido por abrigar uma das principais reservas de água potável do norte da Califórnia: a Hetch Hetchy Reservoir, um projeto de engenharia ambicioso que transformou parte do parque em uma gigantesca represa.

Ela é o ponto de partida para explorar a região. Aqui, duas cachoeiras de grande porte, Wapama e Rancheria Falls (ambas sazonais), são os destaques. Não preciso nem dizer que parte da graça é caminhar até pertinho delas, preciso? Para isso, somam-se, contando ida e volta, oito km até a Wapama Falls ou 21,4 km até a Rancheria Falls. As duas trilhas são de dificuldade moderada e a primeira delas é bem popular entre famílias com crianças. Não topa caminhar tanto, mas não quer perder as vistas do Hetch Hetchy Valley? Então, vale dirigir até o estacionamento principal (na boca da represa) e caminhar ao Lookout Point. São 3,2 km (ida e volta) repletos de vistas encantadoras.

Tuolumne Meadows

Aberto de maio ao comecinho de outubro (as datas de abertura variam conforme a intensidade do inverno), o Tuolumne Meadows é a região mais remota do Yosemite e a mais surpreendente. O legal é que, mesmo nos dias de parque lotado, consegue preservar a sensação de tranquilidade, já que pouca gente acaba se deslocando até lá.

A aventura começa na Tioga Pass, a rodovia que conecta o Yosemite à parte mais montanhosa do estado e a regiões lindíssimas, como Monolake e Mammoth Lakes. Aqui, basta dirigir para ser impactado pela mudança de cenário. Minha dica é parar no Olmsted Point para ver o Half Dome de costas e no Tenaya Lake, o maior lago do Yosemite, com águas azuladas que refletem as montanhas e é super disputado pelas famílias no verão. Com mais tempo, recomendo visitar as coloridas nascentes do Soda Springs, espécies de poças coloridas que brotam do solo (uma caminhada fácil de 2,4 km), e os espetaculares Cathedral Lakes (11,3 km em trilha moderada), uma dupla de lagos maravilhosa e um dos lugares mais espetaculares do parque para ver o pôr do sol.

 

Hospedar

Dentro do parque

Veja detalhes de cada hotel no site oficial: travelyosemite.com/lodgin

Ahwahnee Hotel: é o mais badalado e, consequentemente, o mais caro. Um hotel histórico com paredes de pedra, pé-direito alto e um restaurante lindíssimo. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Yosemite Valleylodge at the Falls: tem o melhor custo-benefício e a vista mais especial, de frente à Yosemite Falls. Conta com piscina caprichada e praça de alimentação despojada. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Curry Village: para acampar sem perrengue, tem barracas climatizadas com banheiros compartilhados. Para um pouco mais de conforto (e banheiro privativo), opte pelos quartos simples ou chalés. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Fora do parque

Rush Creek Lodge: em Groveland, tem estrutura completa com atividades para adultos e crianças, kids club e piscina, além de quartos excelentes. CA-120, 34.001, Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Hotel Charlotte: pequenino, fica no centrinho de Groveland e tem quartos com uma pegada histórica, bem conservados. Main St, 18.736, Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Yosemite Pines RV: em Groveland, combina chalés e acampamento sofisticado (glamping) em trailers e vagões retrô para até seis pessoas. Old Highway120, 20.450, Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Tenaya Lodge: a 55 km do Yosemite Valley, é um resort caprichado com estrutura completa e passeios organizados. CA-41, 1.122, Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Comer

Veja detalhes de cada restaurante no site oficial: travelyosemite.com/dining

The Ahwahnee Dining Room: o mais disputado e o mais bonito dos restaurantes do Yosemite fica no hotel de mesmo nome e abre para café da manhã, almoço e jantar. Reservas são indispensáveis.

Village Grill: pedida certeira para um sanduíche rápido ou uma sopa quentinha. As mesas do lado de fora, aliás, são ótimas pedidas.

Base Camp Eatery: moderninho, o restaurante do hotel Yosemite Lodge at the Falls é uma parada rápida para comer entre um passeio e outro.

 

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