São apenas 5h30 de voo partindo do Aeroporto de Guarulhos – menos tempo do que levam os paulistanos para chegar de carro ao litoral norte em feriados ou do que gastam os cariocas para ir a Paraty ou Angra dos Reis em dias de movimento nas estradas. Essa facilidade certamente tem atraído cada vez mais brasileiros à ilha caribenha de Barbados. Mas tem mais, muito mais. Assim como ocorre em suas vizinhas, não faltam belas praias nessa ex-colônia britânica de 300 mil habitantes, que se tornou independente há meros 46 anos. Só que seus atrativos vão além da areia branquinha e do mar de águas cristalinas.

 

A melhor qualidade de vida do Caribe

Barbados tem a melhor qualidade de vida de todo o Caribe, segundo a ONU. Seus números colocam-na bem à frente do Brasil. Não admira: lá, 98% das pessoas são alfabetizadas, não há pobreza, a democracia sempre imperou e a criminalidade é praticamente zero. Nem a crise econômica dos últimos anos abalou isso tudo – pelo contrário, ela nos ajudou: na falta dos turistas americanos, os barbadianos passaram a investir fortemente nos brasileiros.

Somos a “bola da vez” e eles sabem disso, a ponto de nos receber com extrema hospitalidade. Basta dizer de onde vem para ouvir um “Bom dia!” e ouvir perguntas sobre jogadores de futebol brasileiros. E olha que o esporte mais popular por lá nem é o futebol, mas sim o críquete.

 

Como chegar a Barbados 

A porta de entrada é a capital do país, Bridgetown, com seus 100 mil habitantes, seu porto sempre tomado por navios de cruzeiro e suas ruas onde o calor tropical contrasta com a arquitetura londrina. Há vários cantos onde, não fosse o clima, o visitante se sentiria na Inglaterra.

Exemplos disso são o Parliament Building, a Chamberlain Bridge e o edifício Barbado’s Mutual Life. Sem contar o bairro periférico de Saint Ann’s Garrison, tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Ali se destaca na paisagem o antigo hipódromo (usado até hoje em corridas de cavalo), o Forte de Saint Ann, com sua icônica torre do relógio, e a George Washington’s House, casa onde o presidente dos Estados Unidos passou alguns meses numa visita oficial ao país no século 18.

Porto de Bridgetown
Porto de Bridgetown (Foto: shutterstock.com)

 

Compras em Barbados

A capital também tem atmosfera festiva e é boa para compras. Barbados não cobra impostos de turistas – basta apresentar o passaporte. Assim, os brasileiros costumam passar horas olhando as ofertas das ruas comerciais do centro, sobretudo a Broad Street, onde há desde lojas de joias e pedras preciosas até artigos de praia (só não perca seu tempo com os biquínis, que são enormes – bem à moda inglesa).

Vale a pena vasculhar as prateleiras da loja de departamentos Cave Sheppard, assim como as do shopping center Satjay. Ou, ainda, caminhar cerca de 1 km dali até o Pelican Craft Center – o maior centro de venda de artesanato de todo o Caribe, com mais de 50 lojas instaladas em casinhas coloridas, numa simpática vila à beira-mar.

 

Bebidas e outras comprinhas 

Quem preferir comprar bebidas tem que dar uma passada na Mount Gay Rum, a mais antiga fábrica de rum em atividade no Caribe, inaugurada em 1703. Com o tempo, ela virou atração turística. O slogan diz tudo: “O rum que inventou o rum”. Ela tem uma grande loja com mais de dez variedades de rum, inclusive o 1703 Old Cask Selection, que passa 30 anos envelhecendo dentro de barris de carvalho.

Roupas, doces e os famosos rum-cakes também são vendidos na loja. Esses últimos são uma das delícias concebidas na ilha caribenha: um bolo de frutas embebido em rum e depois compactado. É tão saboroso que muita gente abusa e chega a ficar bêbado de tanto comer.

Um tour guiado pela linha de produção é oferecido pela Mount Gay Rum, com direito a degustação, audiovisual contando a história da bebida e do país e, no final, um grande almoço regado a coquetéis diversos. Obviamente, menores de idade não podem provar os drinques, e nem quem chega à fábrica dirigindo carro próprio ou alugado (veja como se locomover em Barbados no final do texto).

 

Outras atrações em Barbados

A atração mais famosa de Bridgetown, contudo, fica dentro d’água. É o Atlantis Submarine, um submarino de verdade, que leva turistas para apreciar a vida marinha em um banco de corais a menos de 1 km mar adentro. Por US$ 91,50, você passeia durante uma hora pelo oceano nessa embarcação que comporta 48 passageiros e que pode descer até 50 metros de profundidade. Pelas grandes janelas de vidro, dá para ver peixes de diversos tipos, corais coloridos e até mesmo uma traineira naufragada. Tudo com muita segurança – em 10 anos de operação, nunca houve qualquer incidente.

Já para os baladeiros de plantão, a pedida em Bridgetown é curtir a Harbour Lights, um espaço de eventos em plena areia da Carlisle Bay Beach. De segunda a sexta ocorrem festas com bandas tocando o ritmo local, Calypso, e DJs trazendo seleções de hits da disco music e da música eletrônica. Há também shows folclóricos e o lugar se divide em vários ambientes, com um deles dedicado a quem quer degustar pratos típicos, num autêntico “diner-show”.

Uma catedral na floresta

O país é muito mais que sua capital, convém lembrar. Aliás, as melhores praias estão longe dela. Antes de tudo, vale explicar um pouquinho a geografia local. Com 431 km², Barbados tem praticamente o tamanho de Florianópolis. É dividida em dez províncias, que, na verdade, são chamadas de “paróquias” (parishes), quase todas com nomes de santos. Bridgetown, por exemplo, fica em St. Michael Parish. Na parte voltada para o nordeste, apenas o Oceano Atlântico separa a ilha caribenha da África.

Essa é a face “selvagem” do país, onde o mar é mais revolto, onde há poucas cidades e muitos recantos de natureza preservada. É o território dos surfistas, dos aventureiros e dos que curtem esportes radicais. Num passeio por esse lado, o grande destaque é a praia de Bathsheeba, com suas rochas gigantescas em forma de cogumelo moldadas pelas ondas, como se fosse um parque de esculturas feito para os turistas.

Bathsheba Bay
Bathsheba Bay (foto: shutterstock)

 

Aproveite as excursões

Vale muito a pena pegar uma das excursões de dia inteiro pela ilha para desbravar esse lado. Uma delas é conduzida por um personagem famoso: Ted Blades, mais conhecido como “Barefoot Ted” (“Ted dos Pés Descalços”). O ex-surfista, que há mais de 30 anos não usa sapatos, é uma mistura de comediante, aventureiro e defensor da natureza.

Ele dirige um ônibus pelas estradinhas que cortam toda ilha, levando turistas a praias de todos os tipos, falésias, canaviais, vilazinhas pesqueiras, pontos históricos e lugares incríveis, como a St. Johns Church, uma preciosidade dos tempos coloniais, totalmente preservada.

 

St. Johns Church: uma típica igreja inglesa

Trata-se de uma típica igreja inglesa, perdida no meio da floresta do centro da ilha. Algo que faz lembrar o seriado de TV Lost. A expedição de Ted também conduz a moinhos tipicamente europeus em meio à vegetação tropical e às antigas plantações de cana – originária de Pernambuco, no Brasil, ele faz questão de ressaltar.

Uma delas, a Sunbury Plantation, virou um museu a céu aberto, com direito a um restaurante que serve pratos típicos barbadianos, muitos deles semelhantes aos da culinária baiana, como o ensopado de peixe-voador, que traz à memória a nossa moqueca, dado o teor de pimenta…

 

Explorando Harrison’s Cave

Um lugar imperdível nessa porção central de Barbados é Harrison’s Cave, um complexo de cavernas a 50 metros de profundidade. Nelas, galerias repletas de estalactites e cristais em formatos variados criam um ambiente digno de filme de ficção científica. O tour é realizado em carrinhos sobre trilhos, que percorrem centenas de metros de túneis, num passeio cheio de adrenalina.

Praias inesquecíveis em Barbados

É no sul, no oeste e no sudeste da ilha que se espalham as faixas de areia mais agradáveis, banhadas por águas claras e tranquilas, perfeitas para o banho de mar. A começar por Crane Beach, uma das dez praias mais bonitas do planeta segundo o Trip Advisor. Nela está o The Crane Residential Resort, o mais antigo resort de todo o Caribe, inaugurado em 1887.

Nesses 126 anos, ele cresceu e ganhou fama mundo afora após hospedar chefes de estado e celebridades ao longo de todo o século 20. Fica na encosta de uma falésia, com a areia cerca de 30 metros abaixo, acessível somente por um elevador. Graças a isso, possui um dos mais encantadores restaurantes panorâmicos do mundo, o L’Azure – considerado o melhor de toda a ilha pelo guia americano Zagat.

O The Crane, por sinal, inclui nas suas dependências uma pequena vila construída à moda colonial, totalmente ocupada por lojas, bares e restaurantes – abertos a não hospedes também. Dá para comprar desde rum até esmeraldas colombianas – tudo sem impostos.

 

Opções de passeios

E as agências de turismo receptivo baseadas no resort levam a vários passeios, incluindo Bottom Bay, outra praia paradisíaca, a 6 km do resort. Menos chique, mas igualmente atraente, é o Oistins. Nessa vila pesqueira, é obrigatório para o turista gastar uma noite no chamado Oistins Bay Gardens. A areia fica tomada por barracas que vendem bijuterias e lembranças, enquanto o palco é animado com shows de música caribenha.

Às sextas-feiras, o lugar ferve e se transforma na maior festa a céu aberto da ilha. Não bastasse a música, tem a comida. Ao lado do Mercado de Peixes, dezenas de quiosques oferecem pratos típicos fartos, a ótimos preços. Dá para degustar o flying fish (peixe-voador assado na grelha, com purê de batata ou banana) e o macaroni pie, uma espécie de torta feita com macarrão e queijo que, por mais estranho que pareça, é herança de imigrantes escoceses que foram para o país no século 20.

 

Uma baía muito animada

Quem prefere algo mais suave pode ir a St. Lawrence’s Gap, na região da Christ Church. Barzinhos à beira-mar e bons restaurantes pontuam essa baía de água calma e lotada de barquinhos de pesca coloridos – recanto que se tornou cartão postal do país. É o melhor lugar para relaxar e provar uma Banks geladinha, a cerveja nacional. Uma dica é ir ao Café Sol, sempre cheio de gente bonita, ou ao Reggae Lounge, que toca música jamaicana até o sol raiar.

Ou, ainda, deliciar-se no Pisces, um bistrô sobre a areia da praia. Com clima informal, mas culinária de primeira linha – baseada em frutos do mar –, ele consta no topo das indicações dos principais guias gastronômicos quando o assunto é Caribe. Nada mais gostoso que degustar seu prato de camarões com molho curry e arroz basmati tomando um rum punch (coquetel de frutas e rum) numa mesa ao ar livre, à luz de velas, de cara para o oceano.

 

Aproveite para se hospedar

Gostou? Saiba que também dá para se hospedar por ali. O hotel com a melhor relação custo benefício desse lado da ilha ocupa a praia de Dover, a 500 metros de St. Lawrence’s Gap. É o O2 Beach Club & Spa, um edifício moderno, com apartamentos dotados de cozinha, wi-fi, sala que vira um quarto e ampla varanda. Tudo isso de frente para a piscina e para o mar azul turquesa. Um verdadeiro achado para quem visita a ilha.

O hotel fica relativamente perto do Grantley Adams Airport, o aeroporto internacional onde foi instalada uma das atrações mais curiosas da ilha – adorada pelas crianças e pelos geeks. É o Concorde Experience, uma série de atividades interativas feitas dentro e fora de um exemplar do Concorde, o avião supersônico que ligou Barbados a Londres em apenas três horas de voo durante as décadas de 1980 e 1990. Além de aprender sobre a aeronave que podia ir além da velocidade do som, os visitantes têm à sua disposição simuladores e outras brincadeiras interativas.

 

Um passeio por Holetown

Agora, o lugar mais chique da ilha é a pequena Holetown, na costa oeste. Primeiro assentamento dos ingleses em Barbados, a vila abriga um monumento que celebra os desembarques pioneiros, em 1625. Também é cenário do Holetown Festival, um festival anual de artesanato e música, com direito a desfiles de moradores vestidos à moda do século 18. O que mais impressiona por ali, contudo, são as centenas de casas e mansões de frente para o mar – boa parte na faixa das dezenas de milhões de dólares e ocupadas por celebridades, como a cantora pop Rihanna, por exemplo.

Quem vai a Holetown pode aproveitar os glamorosos restaurantes com vista para o mar, como o Zaccios e o Surfside, e encher as sacolas de presentes na Chattel Village – uma vilazinha composta de lojinhas coloridas em meio a belos jardins tropicais. Ou simplesmente caminhar despreocupadamente pelo Waterfront, o calçadão que segue por dois km com o mar de um lado e as mansões e restaurantes do outro. Um projeto de US$ 10 milhões iniciado em 2012 quer renovar esse lugar e transformá-lo num dos principais pontos turísticos de Barbados. Tarefa difícil nessa ilha onde cada canto parece mais belo e sedutor do que o anterior.

Como se locomover em Barbados

Barbados é maior do que parece, mas o transporte não chega a ser um problema por ali. Afinal, você pode conhecer a capital, Bridgetown, a pé, já que a maior parte das atrações está no centro. Fora dela, o modo mais barato de ir de um lugar a outro é tomando os ônibus ou vans particulares, que custam apenas $ 1,50 em moeda local.

Há linhas para qualquer lugar da ilha e os itinerários podem ser vistos no site transportboard.com. Mas saiba que, apesar de seguro, esse tipo de transporte é desconfortável, tanto pela lotação quanto pelo fato de não ter ar condicionado, num lugar em que a temperatura está constantemente acima dos 30 graus.

Os táxis são bem mais agradáveis, mas você acaba gastando uma pequena fortuna. Para ir da capital, Bridgetown, até Oistins, por exemplo, você gasta $ 60 (equivalente a R$ 60), ida e volta. Não há taxímetro, mas sim uma tabela de preços conforme a distância.

 

Combine o preço antes!

Só que nem sempre os motoristas a respeitam. Por isso, combine o preço antes! Alugar um carro só é uma boa ideia se você for um motorista muito hábil. Primeiro porque em Barbados usa-se a mão inglesa, ou seja, dirige-se no lado oposto ao que estamos acostumados.

Segundo porque os motoristas locais gostam de pisar fundo – é preciso estar o tempo todo muito atento. Finalmente, se alugar um carro, não esqueça o GPS. Há centenas de estradinhas pela ilha e, devido à mistura com o dialeto bajan, o inglês local é difícil de ser entendido – pedir informações na rua pode não adiantar nada.

 

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