Poderia ser um anão de jardim qualquer, como tantos outros no mundo, mas não. Este é diferente. Este é o “Anão Louco do Dia do Divórcio”, como informa a placa de identificação ao seu lado. Ele veio da Eslovênia diretamente para o Museum of Broken Relationships, a atração mais curiosa de Zagreb.

A legenda conta mais: no derradeiro suspiro de um casamento em crise, a mulher atira a estatueta de jardim contra o vidro do novíssimo carro do marido esnobe. Sem nariz, sem joelhos e sem um pedaço da cabeça, o anão louco que foi o estopim da separação agora se exibe como um troféu de guerra. Quase como uma obra de arte.

 


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A proposta do museu é justamente esta: celebrar a dor de um coração partido – porque, afinal, quem nunca? Para isso, conta com a ajuda de anônimos dispostos a doar objetos que representem suas relações fracassadas – e, por vezes, a superação que sucede a fossa.

De vestidos de noiva amarelados a um machado usado para destruir os pertences da ex infiel; de um cavalo de vidro comprado na lua de mel em Veneza ao par de botas que outras usaram depois do término, o acervo é um curioso estudo sobre as relações humanas.

A ideia veio de um casal que, recém-separado, resolveu expor itens pessoais em seu antigo apartamento. Deu tão certo que agora há uma filial permanente em Los Angeles, além de exibições temporárias que correm o mundo (quem quiser pode, inclusive, doar peças).

 

Pavilhão de arte (foto: shutterstock)

 

Já premiado como o mais inovador da Europa, o museu representa algo mais: o esforço de Zagreb em se reinventar ou em não cair na mesmice. É um esforço compatível com uma capital que, desolada por uma guerra civil, carregou nas costas o peso de reerguer a nação sem deixar morrerem as tradições.

Logo ao lado do museu, eis uma delas: a Igreja de São Marcos, com seu telhado pintado em xadrez vermelho e branco – uma referência ao brasão de armas medieval do país. Em tempo: é daí, do brasão, que vem a estampa do uniforme da seleção croata de futebol.

 


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Pois, sim, tradição é assunto sério em Zagreb, uma cidade que faz lembrar outras do Leste Europeu, talvez por conta da arquitetura sisuda herdada dos tempos socialistas da Iugoslávia.

Nesse mesmo quesito, tem ainda bondes azuis de ares vintage que fazem o transporte público; tem o canhão da Torre Lotrscak, que dispara diariamente ao meio-dia há décadas – e embaixo dela tem um restaurante ótimo, o Pod Grickim Topom, para provar especialidades locais, como a peka (carne com legumes que assa sob uma tampa em forma de sino, coberta por cinzas quentes).

 

O que fazer em Zagreb

Antes de me deixar solta para explorar a cidade por conta própria, o guia aconselha: “Não deixe de conhecer o Dolac. Siga o cheiro!” Vou andando até que, sim, eu sinto o cheiro de fome.

Guiada pelo rastro e pelo mapa, desemboco no mercado Dolac, mais uma tradição de Zagreb. Todos os dias, produtores locais armam, a céu aberto, barracas de toldo vermelho para vender frutas, verduras, flores, tudo muito fresco.

Em um galpão ao lado, funciona o mercado de peixes e, um andar abaixo da praça, o de carnes e embutidos. “No photo, no photo”, dizem em inglês decorado alguns vendedores carrancudos. Para eles, ainda tão apegados às raízes, uma foto bonita no Instagram não justifica a profanação digital de seus frutos suados.

 

Mercado Dolac (foto: shutterstock)

 

Antes de chegar ao Dolac, eu havia percorrido a Cidade Alta, parte medieval onde ficam o Museum of Broken Relationships e a Igreja de São Marcos. Zagreb nasceu a partir da fusão de duas vilas rivais, situadas no topo dos montes Gradec e Kapitol.

A ligação entre ambos é feita pela Rua Tkalciceva, antes um riacho que delimitava a fronteira dos vilarejos – dizem que, durante os embates entre eles, as águas chegavam a se tingir de sangue, tamanha era a violência. Aterrado, o ribeirão deu lugar a esta que é agora a via mais descolada e boêmia de Zagreb, repleta de bares e cafés.

 

O funicular de Zagreb foto: divulgação

 

De funicular (ou pelo arborizado caminho Strossmayer), chega-se à Cidade Baixa, a área moderna de Zagreb, cujas vias planas se estruturam ao redor da Ferradura Verde – um conjunto de praças e parques que engloba importantes instituições e espaços públicos, como o Teatro Nacional e o Jardim Botânico.

Aqui, destaque para o Museu Mimara, que reúne, em um palácio neorrenascentista, uma coleção de 3 mil peças, de tapeçarias a obras de Renoir e Degas, e para o centenário Pavilhão de Arte, que sedia exposições temporárias.

Todos os caminhos levarão à praça Ban Jelacic, o meio de campo entre as partes alta e baixa, cujo relógio é o principal ponto de encontro de Zagreb.

Por ali, depois de toda a andança, escolho uma mesa ao ar livre e, seguindo as tradições, me dedico à spica, o gostoso hábito local de tomar um cafezinho observando o vaivém.

 

Onde se hospedar em Zagreb?

Hotel Jägenhorn 
Perto da praça Ban Jelacic, tem 18 quartos espaçosos e recém-renovados, além de um café de 200 anos com área ao ar livre.

Hotel Central
Na Cidade Baixa, tem 150 quartos e suítes, alguns com cama queen size e 26m².

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