Quando o lugar é paradisíaco, ele já mostra a que veio ainda do avião. Com as Ilhas Maurício é assim. Quando o comandante anunciou a descida e nos inclinamos em uma brusca curva de aproximação, o azul que eu via pela janela unia céu e mar.

Sonho de viagem romântica de dez entre dez casais, o arquipélago fica na costa leste africana, a 800 quilômetros de Madagascar. A conexão convencional é em Joanesburgo, a quatro horas de voo, sendo a maneira mais fácil de chegar às ilhas a partir do Brasil. Conciliar a viagem com outros destinos sul-africanos, como Cidade do Cabo ou o Parque Kruger, rende um roteiro acertado que pode incluir praias, vinhos, vida selvagem e muita história.

Curiosamente, o arquipélago foi descoberto pelos portugueses em 1505 (quase junto com o Brasil!), mas colonizado primeiro por holandeses, sendo batizado em homenagem ao príncipe Maurício de Nassau. Posteriormente passou pelas mãos dos franceses e ingleses, até conseguir sua independência em 1968. A língua majoritária é o crioulo de Maurício, mas por conta do passado colonial, o inglês e o francês são amplamente falados pela população.

 

Praia de Tamarin
Praia de Tamarin (foto: divulgação)

 

Basicamente, os dias em Maurício se resumem a relax à beira-mar, passeios de barco, refeições regadas a frutos do mar, esticada até a capital Port Louis e mordomias oferecidas pelos hotéis – são eles os responsáveis por potencializar a experiência.

Nada melhor para conhecer o ritmo da ilha do que visitar a capital, Port Louis. O trânsito bagunçado, o vai e vem de pessoas em meio aos carros, os mercados apinhados de gente e produtos lembram outras capitais africanas ou mesmo asiáticas. A pluralidade étnica, resultado de quatro séculos de colonização, é latente nas ruas. Africanos se misturam a ingleses, franceses, chineses e indianos em uma população de mais de 1,3 milhão de habitantes. Os indianos correspondem a quase 2/3, o que justifica o fato de o maior templo hindu fora da Índia estar em Maurício. O Ganga Talao, às margens do lago Grand Bassin, recebe diariamente centenas de devotos. Conta a lenda que existe uma ligação subterrânea do lago com o Rio Ganges, na Índia, razão que explica os diversos rituais à beira da água.

O mercado central de Port Louis vale a visita pela área de artesanato e tecidos. Trajes típicos, máscaras, estátuas e objetos de decoração africanos são um deleite. Pechinchar é lei e sempre rende bons descontos. Comer por ali também é uma boa dica para conhecer mais da culinária tradicional. Escolha uma das tendas e peça pelo dholl puri, uma espécie de massa de panqueca recheada de carne e temperos típicos. Como acompanhamento, peça uma alouda, bebida local que mais parece uma batida. Apesar da aparência esquisita, o sabor é bom.

 

Port Louis
Port Louis (foto: shutterstock)

 

Se preferir algo um pouco mais elaborado, invista nos restaurantes em Caudan Waterfront, bem pertinho do mercado central. Inaugurado em 1996, ao lado do porto de Port Louis, o espaço tem amplas alamedas pipocadas de restaurantes, cassino, cinemas, lojinhas, galerias de arte, museu e hotel. Dá para passar uma tarde inteira ali, olhando as vitrines, os artistas de rua, o vai e vem da ilha…

 

Caudan Waterfront
Caudan Waterfront (foto: divulgação)

 

Programe-se para visitar também a reserva ambiental La Vanille Réserve des Mascareignes, com 800 tartarugas grandalhonas que pesam quase 300 quilos. Extintas no século 18, as novas espécies foram trazidas da ilha de Seychelles por recomendação de Charles Darwin. A reserva se especializou nos cuidados também de iguanas, macacos e crocodilos. É possível segurar jacarés filhotes e tirar fotos junto com as tartarugas. Outro parque bem interessante é o Casela World of Adventures, que oferece safári, passeios de camelo, nado com golfinhos…

La Vanille Reserve des Mascareignes
La Vanille Reserve des Mascareignes (foto: divulgação)

As Ilhas Maurício, aliás, são conhecidas historicamente pela variedade de espécies de aves. O dodô, pássaro exclusivo dali, está representado no brasão do país. Eles foram extintos no século 17 durante a colonização dos holandeses, que os caçavam para servirem de alimento. Com estrutura grande e asas curtas, não conseguiam voar e acabaram virando uma presa fácil. Hoje o dodô virou bibelô, estampa de camisetas e peças de artesanato.

Por falar em lembranças de viagem, não dá para ir embora sem levar uma garrafa do tradicional rum de Maurício. Na Rhumerie de Chamarel, a mais famosa destilaria do país, que chega a produzir 250 mil garrafas por ano, o visitante pode conhecer a produção, desde a colheita da cana, passando pela filtragem e fermentação, até o armazenamento da bebida em tonéis para descanso e posterior envasamento. No final, a degustação apresenta o rum saborizado com baunilha, café, coco e por aí vai.

 

Suas praias, suas joias

Com mais de 300 quilômetros de litoral e temperaturas sempre agradáveis (no inverno, faz singelos 20 °C), Maurício é um destino de praia o ano inteiro. Além disso, é fácil para dirigir, mas requer atenção pois a mão é inglesa. Alugar um carro é simples e como tudo é perto, dá para descobrir a ilha dirigindo e parando em várias praias.

Para um mergulho com história, por exemplo, nada melhor que ir até a Cap Malheureux, no extremo norte da ilha, que foi a porta de entrada para navios ingleses durante os ataques a Port Louis. Para surfar, a Tamarin é a pedida, com ótimas ondas e ponto para avistar golfinhos.

A famosa Flic en Flac, derivada da nomeação holandesa Fried Landt Flaak (terra livre e plana), tem barreiras de corais e é ótima para mergulhar. Outra que merece destaque é a Le Morne Brabant, perfeita para a prática de windsurfe e kitesurfe. Patrimônio da Unesco, tem mar com ótima visibilidade e chance de observar tubarões e outros peixes. Ali acontece o fenômeno natural conhecido como “cascata subaquática”, que nada mais é do que uma ilusão criada por depósitos de areia no fundo. Quem vê do alto, em sobrevoos panorâmicos, tem a impressão de que existe uma cachoeira debaixo d’água (veja a foto que abre esta matéria). É fascinante, assim como tudo em Maurício.

 

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Ilhas Maurício: onde dormir no arquipélago africano

 

Onde se hospedar nas Ilhas de Maurício? 

One & Only Le Saint Géran
Recém-renovado, este sofisticado resort à beira de uma praia privativa tem desde quartos de pelo menos 60 m2 até uma villas com mordomo.

 

 

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