Em primeiro lugar, começamos pela capital. Apesar de grande (são mais de 3 milhões de habitantes), Madri não é imensa e é possível explorá-la bem em quatro dias inteiros. Mas se puder ficar mais, fique. Afinal, são tantos museus, parques, praças, palácio, templo e bairros cheios de personalidade que aqui também vale a velha máxima turística do “quanto mais tempo, melhor”.

A cidade é o centro político, econômico e intelectual do país, mas o coração espanhol pulsa mais forte na Puerta del Sol – palco histórico das principais manifestações da capital, sempre repleta de gente. Importante área comercial, é facilmente acessível em transporte público e muito bem conectada a outros cantos da cidade, aliás. Assim, motiva muita gente a se hospedar nas redondezas. Além disso, é ali que fica a famosa estátua empedra El Oso y el Madroño, que virou cartão-postal da cidade. Quase em frente, na Casa de Correos, estão o famoso relógio que dá as 12 badaladas do ano-novo e a placa que sinaliza o marco zero de todas as estradas espanholas.

Madri a pé

Da Puerta del Sol, é fácil começar a explorar Madri. A melhor maneira é fazer isso a pé. Isso porque suas ruas cheias de história e beleza permitem valiosas caminhadas. Andar pela própria Gran Via, principal artéria da capital, é vislumbrar a essência madrilenha. Criada na metade do século 19, é uma tremenda vitrine dos mais distintos estilos arquitetônicos. Famosa por abrigar muitas lojas, teatros e hotéis, tornou-se de “a rua que nunca dorme”ou até “a Broadway espanhola”.

A Calle de Atocha, imensa, é outro exemplo, já que vai desde a estação de trem homônima até a imperdível Plaza Mayor, considerada uma das praças mais bonitas do país. Com fachadas belíssimas e repleta de restaurantes, cafés e lojas, é parte da região de nome “Madrid de los Austrias”. O nome é referência à dinastia que construiu o centro histórico. Além da praça (que é linda também à noite!) deste período, vale visitar o Palácio Real.

Apesar de não ser a residência oficial da família real espanhola (que vive no Palacio de la Zarzuela), é uma das atrações turísticas mais emblemáticas de Madri. E indiscutivelmente um dos mais belos edifícios, aliás. Construído inicialmente como fortaleza ainda no século 9º, o palácio atual só foi erguido já no século 18. Trata-se do maior da Europa em área construída e tem troca de guarda. A Sala dos Leões, onde a realeza costuma receber chefes de Estado, os salões para festas e banquetes e a interessante farmácia real fazem parte das alas que podem ser visitadas. O ideal é combinar a visita à Catedral de la Almudena, anexa, e aos belos vizinhos Jardins de Sabatini e Campo del Moro.

Uma das principais atrações da capital espanhola
Palácio Real (foto: shutterstock)

Para matar a fome

Se bater a fome, opções para comer muito bem na região central de Madri não faltam. Afinal, há excelentes bares de tapas em toda parte e restaurantes para todos os bolsos. Do baratinho Puerto Rico, numa das travessas da Gran Via, ao descolado Mercado de San Miguel, um dos templos dos foodies na capital, por exemplo. Ali, são diversos estabelecimentos vendendo ótimas comidinhas rápidas, petiscos e bebidas por preços convidativos.

Algo doce? Não perca de jeito nenhum o suculento chocolate quente com churros da San Ginés. A mais tradicional casa do gênero na cidade está em funcionamento desde 1894. Além dos belos salões que fazem o ambiente realmente especial, os churros sequinhos e crocantes são perfeitos para serem molhados no espesso chocolate quente cremoso, bem como fazem os espanhóis.

 

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Área verde

Os espaços verdes de Madri são certamente os refúgios mais gostosos para passeios despretensiosos. O Parque del Buen Retiro, popularmente conhecido como Parque del Retiro, pertenceu à monarquia espanhola até o final do século 19. É hoje um parque público, convidativo para caminhar, passear de bicicleta, ouvir música de qualidade, assistir a performances artísticas, correr e até andar de pedalinho. Com um jardim demais de 1.400 m², tem ainda três museus com entrada grátis: o Palácio de Velázquez, a Casa de Vacas e a bela estufa de ferro batizada de Palácio de Cristal.

Museus imperdíveis

Indo além, Madri tem inúmeros museus e pelo menos três são paradas obrigatórias. A começar pelo gigante Prado, com salas dedicadas a Goya, Diego Velázquez e mais de 8 mil obras das escolas espanholas, flamencas e italianas. Em seguida, o mais contemporâneo, o Reina Sofía, é para apreciar Guernica, de Picasso, além de Miró e Dalí. Já o eclético Thyssen-Bornemisza, enfim, tem uma coleção privada com cerca de mil obras que contam 700 anos de arte europeia por meio de nomes como Caravaggio, Matisse e Van Gogh, por exemplo.

Os três se localizam na mesma área da capital – margeando o belo Paseo del Prado – e são também gratuitos em alguns dias da semana. Mas nem tente fazer os três no mesmo dia, seria extremamente exaustivo. Entretanto, se tiver tempo, ao visitar o Reina Sofía, passe também por uma das excelentes mostras temporárias do espaço Caixa Fórum.

Além disso, se estiver procurando um museu a céu aberto, vale lembrar que o Templo de Debod é a única peça de arquitetura egípcia que ainda pode ser vista em território espanhol. Pertinho do centro de Madri, foi construída antes de Cristo nos arredores de Aswan, no sul do Egito, e doada para a Espanha no final da década de 1960. O templo está, hoje, instalado às margens do Rio Manzanares e é dali que se vê um dos mais bonitos pores do sol de Madri.

Esporte e arte

Shows de flamenco e partidas dos times Atlético de Madrid e Real Madrid também figuram na programação de muitos viajantes durante seus dias na cidade. Assim como o Brasil, a capital da Espanha respira futebol. A cidade, aliás, é a casa do midiático Santiago Bernabéu, estádio do Real Madrid, que é um passeio memorável para os fãs da pelota. O museu, aberto no interior da arena, empolga por mostrar a trajetória do time e as imagens de todos os jogadores que já vestiram a camisa do Real. Entre eles, Ronaldo Fenômeno, Roberto Carlos e Kaká.

Toda vez que o time vence algum campeonato, a comemoração do título acontece na imperdível Plaza de Cibeles. Com sua fonte de esculturas neoclássicas de mármore, quatro imponentes e importantes prédios a rodeiam: o Banco de España, o Palacio Buenavista, o Palacio Linares e o Palacio de Cibeles (prefeitura de Madri).

Além do centro

Combinando longas caminhadas com o uso do metrô (que cobre bem a cidade, chega ao aeroporto e funciona até 1h30 da manhã), temos a chance de conhecer melhor a personalidade de diferentes bairros de Madri. Lavapiés, por exemplo, é cheio de imigrantes, numa curiosa mistura de nacionalidades. O La Latina é boêmio, animadíssimo noite adentro, mas que também ganha vida aos domingos no gigante mercado de pulgas El Rastro.

A maior feira ao ar livre da capital teria começado ainda na Idade Média e acontece todos os domingos e feriados, das 9h às 15h. Começa ao redor da Plaza de Cascorro, e se estende por inúmeras outras ruas do bairro, com destaque sobretudo para a Calle Ribera de Curtidores. Tem barraquinhas de roupas, calçados, antiguidades, bijuterias e utilidades domésticas. Um programão – mas é preciso olho vivo com seus pertences porque, como há sempre uma multidão, batedores de carteira fazem a festa.

Chueca e Malasaña, bem próximos ao centro, são dois bairros imperdíveis – e fartos em acomodações baratas e com estilo (inclusive apartamentos de temporada). Em ambos há ampla oferta de restaurantes, bares e comércio alternativo. Chueca, famoso reduto gay, é um dos meus prediletos e tem também a noite mais animada da capital. Já Malasaña é cheia de arte pop e de rua.

Por essas bandas, aproveite para esticar até o adorável Mercado de San Antón. No último andar, funciona o delicioso e descolado restaurante La Cocina de San Antón, uma ótima opção para almoçar que conta com menus econômicos e muito bem servidos. Se for final da tarde, é o terraço do restaurante que fica lotado. Com jeito de lounge informal e um belo bar, tem uma das vistas mais gostosas de Madri.

Bate-volta

Para quem topar sair da capital, há uma atração bem interessante em seus arredores: o complexo El Escorial. Localizado no vilarejo de San Lorenzo de El Escorial, o local é um mausoléu real formado por mosteiro, igreja, palácio, seminário, escola e biblioteca. Antigo símbolo do poderio católico durante a Idade Média, foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco nos anos 1980 e hoje abre seus recantos para a visita turística. Mas prepare-se para subir e descer muitas escadas.

A parte mais famosa é, acima de tudo, o Panteão dos Reis da Espanha ou Cripta Real, onde estão enterrados os 26 reis mais importantes das dinastias Áustria e Bourbon. Além disso, valem especial atenção também a biblioteca (ao final do passeio) e os espetaculares jardins. O El Escorial fica afastado de Madri e a melhor maneira de chegar é com a linha C-3 de trens suburbanos que saem da estação Atocha. A viagem dura cerca de uma hora, enquanto a visita ao local deve levar pelo menos duas horas. Então, considere dedicar uma manhã ou tarde inteirinha para esse passeio.

Vilarejo de San Lorenzo de El Escorial
El Escorial (foto: shutterstock)

Hospedar

Casual del Teatro: Perto da Puerta del Sol, tem quartos novinhos, decorados em homenagem a grandes musicais. Calle Echegaray, 1. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

The Westin Palace Madrid: À margem do Paseo del Prado, este icônico e luxuoso hotel tem quartos muito espaçosos e serviço impecável. Plaza de las Cortes, 7. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Comer

La Cocina de San Antón: Releituras contemporâneas da culinária espanhola. Calle de Augusto Figueroa, 24, mercadodesananton.com.

Botín: Tido como o restaurante mais antigo do mundo, é especializado sobretudo em leitão assado. Calle Cuchilleros, 17, botin.es.

 

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