É inusitado imaginar um hotel de grande porte encravado no cerrado brasileiro, aos pés da Chapada dos Guimarães e à beira de um lago que é maior que a carioquíssima Baía de Guanabara. Mas esse é o endereço do Malai Manso Resort Yacht Convention & Spa, único do gênero no Mato Grosso.
Distante uma hora e meia de carro de Cuiabá, é uma opção de hospedagem para quem busca as facilidades de um resort, sem abrir mão de se conectar com toda a vida natural que está ao redor.
E esse encontro acontece de muitas formas: das emas que caminham tranquilamente pelo jardim e dos mergulhos na piscina com vista para o Lago do Manso até os longos minutos de admiração do Morro do Navio, um dos símbolos das Chapada, cenário que pode, aliás, ser curtido de diferentes pontos do hotel. Não à toa, o slogan adotado pelo Malai – all nature inclusive – tem razão de ser….
Distanciamento social em meio à natureza
Optar por um lugar assim faz ainda mais sentido neste momento que estamos vivendo, em que espaços amplos, abertos e com distanciamento social controlado passam a ser requisitos fundamentais na escolha de uma viagem. E espaço por ali é o que não falta, já que são 117 hectares, algo como 100 campos de futebol. Mas você deve estar pensando: como é possível seguir os protocolos sanitários e de segurança em um resort com mais de 300 acomodações?
A resposta esbarra mais uma vez no espaço. O Malai tem 75 bangalôs espalhados pelo jardim, distantes uns dos outros, e 35 casas-butique que são uma forma privativa e tranquila para se acomodar. Eu fiquei em um bangalô de 72 m², que recebeu com conforto quatro pessoas. No quarto do casal, a decoração suave, o amplo televisor e os ótimos armários – um detalhe que faz toda a diferença para organizar roupas e pertences de quatro hóspedes – foram diferenciais.
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Já a sala de TV com sofá-cama e conjugada a uma copa (equipada com pia, frigobar e mesa de jantar) foi uma mão na roda à noite, uma vez que havia duas crianças hospedadas ali. Mesmo o regime de pensão sendo all-inclusive, com todas as refeições feitas no restaurante principal, ter uma minicozinha na acomodação é muito amor no coração. Maiores, os chalés família, por sua vez, recebem até seis pessoas em uma área de 96 m², com a diferença de ter dois quartos e dois banheiros.
Por fim, somadas às facilidades, ainda há uma churrasqueira na área externa (é possível encomendar kit churrasco com o hotel) e amenities L’Occitane no banheiro.
Casas-Boutique
Ainda mais exclusivas, as casas-butique do Malai Manso ficam do outro lado da propriedade. Sendo assim, os hóspedes chegam ali cruzando uma ponte de madeira construída sobre o Lago do Manso, a bordo de carrinhos elétricos que partem da recepção. São opções de casa completa com cozinha equipada para o preparo de refeições, mesa de jantar, sala de estar, dois ou três quartos e dois banheiros distribuídos em 146 m². Ou seja, acomoda tranquilamente quatro adultos e duas crianças. Enfim, o ofurô na varanda e a vista permanente para o lago e os morros do Navio e do Chapéu brindam os dias ali.
Passeios e muita aventura
A experiência de ver os dois paredões da Chapada pode ser ainda mais impactante chegando bem perto deles. Da marina do Malai Manso, a empresa Companhia de Aventura realiza diversas atividades náuticas no lago, sendo a mais popular delas a navegação para ver os dois morros e a barragem, erguida no final dos anos de 1990 para represar as águas do Rio Manso e construir a Hidrelétrica de Manso.
Esse paraíso artificial se transformou em uma área alagada de 427 km² quadrados. Por fim, acabou virando um balneário para os hóspedes do resort e dos cuiabanos que garantiram ali sua casa de veraneio. Ver os dois montes a partir da água traz um novo foco para as preciosidades da Chapada dos Guimarães, tristemente assolada pelas queimadas.
O passeio segue até a barragem e na volta passa pela ilhota apelidada de Bora Bora, point de lanchas aos finais de semana que param ali para curtir boas horas de sol, stand up paddle e churrasco. Além disso, o Malai também tem sua própria praia, em frente à marina, com espreguiçadeiras, areia fina e quiosques de sapé à beira do lago. Por sinal, lugares para se refrescar são alguns dos pontos altos do hotel.
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São 3 mil m² de piscina. Parece exagero? Que nada, a região de Cuiabá é uma das mais quentes do Brasil – com invernos que chegam aos 30º C sem dó –, então ficar dentro da água é uma das coisas mais gostosas ali. É uma piscina única, desenhada com vários nichos e profundidades que dá, certamente, para curtir sem disputas de cadeira e guerra de guarda-sol. Para as crianças, há uma área inteirinha com brinquedão aquático. No final da tarde, a piscina aquecida é a pedida.
A área da piscina é atendida por um bar que prepara porções de batatinhas fritas, salgadinhos, frango a passarinho – tudo já incluso na diária. O sistema all-inclusive do Malai cobre as três refeições principais servidas em sistema de bufê no restaurante central, os snacks na piscina e o café da tarde, além das atrações da Vila Malai, que reúne uma sorveteira (sorvete à vontade exige muita maturidade), pizzaria e hamburgueria – essas duas abrem à noite, mediante reserva, e os hóspedes também não precisam pagar nada a mais.
Por conta da pandemia, é preciso usar luvas para se servir no bufê e, uma vez por dia, a temperatura é medida. Na piscina aquecida há limite de pessoas; na academia e no spa é preciso reservar horário.
Quando a natureza chama
É comum os turistas escolherem resorts como destino de férias desejando, fervorosamente, uns dias completamente out, só curtindo as mordomias que esse tipo de hospedagem oferece. Porém, no caso do Malai, os passeios são parte fundamental da experiência, pelo menos para aqueles hóspedes que não são mato-grossenses.
A ida até Bom Jardim, a 60 quilômetros do resort, revela um refúgio selvagem com lagoas cristalinas, cachoeiras, aquário natural e santuário de aves. Bom Jardim é um distrito de Nobres, destino que despontou nos últimos anos com forte apelo para o ecoturismo. Portanto, reservar um dia inteiro é o mínimo para aproveitar os atrativos dali.
Os passeios podem ser contratados direto no hotel com a empresa Confiança Turismo, que faz o traslado em carros privativos e organiza toda a programação. Um detalhe importante sobre os passeios em Bom Jardim é que todos precisam ser feitos por agências de turismo local, como uma maneira de fomentar a economia da região e gerar empregos para quem mora ali.
Minha programação foi feita pela Anaconda Turismo (instagram.com/anacondaadventure), em parceria com a Confiança, cujo escritório fica na rua central, de terra batida, de Bom Jardim. O Seu Vicente, proprietário da agência e da pousada que funciona no mesmo endereço, foi o nosso guia durante todo o dia.
Balneário estivado
A primeira parada foi no Balneário Estivado, a 800 metros do centrinho. Ali os banhos acontecem em um rio de águas completamente transparentes, em que as pessoas nadam junto a cardumes de piraputangas e piavas.
Com apenas um metro de profundidade, é bem tranquilo para levar crianças e há tantos peixes que dá a impressão de que vamos pisar em um deles. O restaurante e bar, que funcionam em um deque de madeira à beira da água, atendem quem quer esticar.
Flutuação em águas cristalinas
O que mais impressiona nos passeios em Bom Jardim é a transparência da água, em especial do Rio Salobra, o principal da região. Em lugares como o Reino Encantado, a 12 quilômetros de distância do centro em um percurso de estrada de terra, a flutuação no rio é a pedida.
Usando coletes, máscara e snorkel, os visitantes caem na água fresquinha e são levados pelo ritmo tranquilo da correnteza ao longo de 1.800 metros. Um guia acompanha o tempo inteiro e o passeio leva cerca de duas horas (R$ 90 por pessoa). E apesar de a graça ser ficar com a cabeça debaixo d´água curtindo a beleza aquática, levantar o pescoço para contemplar a mata nativa que cerca o rio é tão lindo quanto.
Aquário Encantado
E beleza é o que não falta no Aquário Encantado, o passeio mais procurado da região. Com uma sede bem estruturada, os turistas trocam de roupas ali e partem de trator até a entrada de uma curta trilha que leva a uma piscina natural (R$ 70).
Com 90 m² de área e profundidade que chega a até seis metros (crianças menores de 5 anos não podem entrar), o aquário tem um tom de azul difícil de descrever e, quanto mais fundo você mergulha, mais bonito fica. É hipnotizante e o melhor de tudo é que 100% natural.
Cada grupo, de no máximo 10 pessoas, pode ficar 30 minutos. Quem quiser pode emendar o passeio com a flutuação por um trecho do Salobra, com uma caminhada de cindo minutos partindo do aquário (o valor dos dois passeios juntos fica R$ 90). Aproveite e almoce no restaurante que fica na sede do Aquário (R$ 40, bebida à parte). O bufê simples traz alguns dos sabores mais conhecidos do Mato Grosso, como a carne seca com banana, pintado servido na moranga e o furundu, doce feito com mamão e rapadura.
Tirolesas com vistas panorâmicas
Para uma tarde com emoção, o Refúgio Serra Azul (R$ 50) reserva também banho de rio, mas com a diferença de ter uma tirolesa de 20 metros em que a caída é direito na água. Outro ponto com tirolesa é o Mirante do Cerrado, novidade em Bom Jardim, que conta também com circuito de arvorismo, piscina, restaurante e, em breve, uma pousada.
Lagoa das Araras
Independentemente do seu roteiro durante o dia, reserve o entardecer para um dos passeios mais emocionantes da região: o tour de quadriciclo até a Lagoa das Araras. O passeio é feito pela empresa Bom Jardim Adventure (R$ 150 uma pessoa ou R$ 220 com garupa, bomjardimadventure.com.br) e cobre um trecho de 13 quilômetros (ida e volta), finalizando na Lagoa das Araras. Além disso, o caminho tem alguns trechos desafiantes, com subida estreitas e buracos, mas mesmo quem não tem experiência consegue dirigir auxiliado pelos guias, afinal, os comandos essenciais do quadriciclo são acelerar e brecar.
Pôr do sol inesquecível
Ver o pôr do sol se esconder nas paisagens do cerrado é daqueles momentos que não se apagam da memória! O visual fica ainda mais bonito vendo a revoada das aves que voltam para seus ninhos antes do anoitecer. É por isso que o passeio até a Lagoa das Araras é feito por último (R$ 25). Trata-se de uma área alagada que acabou virando o lar de araras canindé, maritacas e periquitos, entre outros pássaros.
A lagoa já foi uma floresta de buritis, espécie de palmeira típica da região, que morreu por conta da água. Apesar de perderem sua copa, o caule fica oco, mas permanece de pé, virando um ótimo lugar para as aves fazerem seus ninhos.
Quando começa a escurecer, elas retornam e o ninhal vai ficando completo. Visitantes podem ver esse baile a partir de passarelas de madeira construídas sobre a água. Os sons das aves, junto ao reflexo dos buritis na água, fecha com maestria essa viagem em que natureza e conforto caminham lado a lado.
Malai Manso Resort Yacht Convention & Spa
› Rodovia MT-351, km 67, Lago do Manso, Chapada dos Guimarães, MT
Diárias a partir de R$ 1.408 para casal, na suíte superior, com cortesia para duas crianças de até 9 anos na mesma acomodação dos pais (preços para baixa temporada; por conta da pandemia os valores podem sofrer alteração)
› malaimansoresort.com.br