Introdução ao Alentejo

A 132 quilômetros de Lisboa, via A2 e A6. Pedágio: € 1,75 pela travessia da ponte + € 8,40 pelos quilômetros rodados

Muita gente diz que conhece Alentejo apenas por ter visitado Évora – um erro. Melhor pensar na cidade como um cartão de visitas para o restante da região. Ela está entre as mais bem preservadas do período áureo de Portugal, depois que Lisboa foi destruída pelo terremoto do século 18. Fundada em 1167, ganhou importância nos séculos 15 e 16 com as constantes temporadas que a família real passava ali..

Isso fez com que a igreja também viesse para cá e criasse a Universidade de Évora, a segunda do país. A parte mais interessante está concentrada na região central e nas construções seculares, que existem dentro das grandes muralhas do século 14. É nessa área que está a Praça do Giraldo, a Igreja de Santo Antão, de 1557, e a fonte de estilo barroco.

Praça do Giraldo em Évora | foto: shutterstock

Enquanto apreciava o cenário que é especialmente bonito durante a noite, aprendi que há um conto popular sobre essa fonte. Dizem que Filipe III de Espanha, em 1619, achou que sua beleza, refletida nas águas da fonte, era digna de ser coroada e, por isso, há uma pequena coroa no topo do monumento.

Suas oito saídas de água simbolizam as vias que ligam o resto da cidade à praça. Uma delas é a Rua do Raimundo, que abriga o Café Alentejo – escondidinho por detrás de uma portinha de vidro. Ali, aspargos verdes salteados em azeite (€ 6,80), lombinho de porco (€ 14) e as migas (€ 3,50) – espécie de purê feito com pão – compõem uma refeição tipicamente alentejana.

Deixei para voltar à Praça Giraldo na manhã seguinte, depois de uma merecida noite de descanso. Dessa vez, fui sem o carro para bater perna na Avenida Cinco de Outubro. Caminhar por ali revela uma série de detalhes, como resquícios da primeira muralha da cidade – ao contrário da que se vê de pé ainda hoje, essa herança é do período de ocupação romana e está praticamente destruída.

Onde se hospedar em Évora

Hotel M’AR de AR Aqueduto
Antigo Palácio dos Sepúlveda, o hotel-butique funciona no edifício quinhentista, com tetos em abóbada e três janelas manuelinas da época. Fica no centro histórico da cidade de Évora, tem 64 acomodações e mesmo os quartos clássicos, categoria mais simples, são bem confortáveis, com banheira. Tem ainda piscina, spa, bar e restaurante.

Mais uns minutinhos levam até a Catedral de Évora, ou simplesmente Sé de Évora, um ícone do estilo românico-gótico de Portugal. Tem detalhes em mármores de Estremoz (cidade que também é parada do roteiro) e em ouro, além da imagem da Virgem Maria grávida, uma das únicas do mundo. Há um museu de arte sacra e o terraço, ao lado das torres, com bela vista para a cidade. Aproveite a proximidade para visitar o Templo Romano, do século 1º, e siga para outro grande cartão-postal de Évora: a Capela dos Ossos.

Idealizada por três frades franciscanos no século 17, tem paredes e pilares revestidos de ossos humanos, uma ideia que pode parecer estranha, principalmente pelos dizeres logo na entrada: “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”. No entanto, seu objetivo é promover a reflexão de que todos somos iguais e da transitoriedade da vida humana.

Capela dos Ossos em Évora | foto: shutterstock

Hora de deixar o dia mais leve e saboroso no restaurante Fialho. Mesmo com status de atração turística, o endereço, que funciona desde 1950, segue com atendimento acolhedor e cardápio dedicado aos sabores locais – dos vinhos às entradas e aos pratos principais, em um menu com muita carne de porco e peixes. Na dúvida, o lombinho com purê de maçã por € 14 é gostoso e bem servido.

A última parada na cidade foi a adega Cartuxa, a dez minutos do centro, vinícola do cobiçado rótulo Pêra-Manca – o tinto encorpado da colheita de 2011 chega a custar mais de R$ 1 mil no Brasil ou € 194 em Évora, com venda limitada a uma unidade por visitante. Esse vinho produzido com as castas Trincadeira e Aragonez é praticamente um tesouro nacional, com origens mais antigas que a própria fundação Cartuxa – oficialmente criada em 1963. Sua história vem do século 15, na época do Descobrimento e de Pedro Álvares Cabral.

Mas a produção da Cartuxa não se resume ao Pêra-Manca e inclui mais de 20 rótulos (vendidos a partir de € 6) e azeites. Tudo isso, o turista fica sabendo durante o tour guiado (agendamento pelo site da adega), passando pelos barris de madeira, depósito de garrafas e até antigos tanques de armazenagem. O enotour acaba em degustação de vinhos e azeites. É isso, aliás, que define o preço da visita, que varia entre € 5 e € 30, dependendo da quantidade e qualidade dos vinhos escolhidos. Além disso, por mais € 5, haverá também embutidos, queijos e compotas da região.

 

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