Tem pousadinha barata, tem resort com música na piscina, tem hotel de luxo discreto. Porto de Galinhas não se discute: é lugar para todos. Um dos destinos litorâneos mais procurados do Brasil atrai casais em lua de mel, famílias com crianças, turmas de amigos – e sabe bem como receber todos eles. A 70 km de Recife, a Praia de Porto de Galinhas propriamente dita pertence ao município de Ipojuca e tem apenas quatro km de extensão. Mas o nome pegou entre os turistas e acabou virando um termo genérico também para as enseadas vizinhas, como Cupe e Muro Alto.

Em parte, o que fez a fama local foram as piscinas naturais formadas durante a maré baixa – certamente um cartão-postal indiscutível. No passeio mais popular da região, jangadas vêm e vão ao sabor do mar cristalino e morno. Represadas pelos recifes de corais, a cinco minutos da costa, as piscinas se mostram verdadeiros aquários, cheinhas de peixes pequenos e esfomeados.

Os jangadeiros oferecem ração para atraí-los e óculos com snorkel para quem quiser ver embaixo da água, de uma transparência quase inacreditável. O passeio é feito pela associação dos jangadeiros de Porto de Galinhas (R$ 50 por pessoa, menores de 3 anos não pagam, crianças de 4 a 6 anos pagam meia, passeiodejangada.com.br). As saídas acontecem sempre na maré baixa.

Prepara!

Como chegar: o Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes – Gilberto Freyre fica a 66 km de Porto de Galinhas. Ele recebe voos diários de diversas cidades brasileiras, operados pela Latam, Gol, Azul e passará também a ter voos da Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), a partir do segundo semestre de 2021. No aeroporto, os visitantes podem alugar um carro na área de desembarque, onde ficam os guichês das locadoras. Já o serviço de traslado até os hotéis em Porto de Galinhas custa a partir de R$ 98, com a Luck Receptivo (luckreceptivo.com.br).

Quando ir: dá praia o ano inteiro, mesmo em junho e julho, quando as chuvas são mais constantes. Mesmo assim, a média mínima dificilmente cai abaixo dos 24 °C. Na alta temporada, de dezembro a fevereiro, o calor é intenso; o movimento e os preços sobem, acompanhando os termômetros. A primavera é uma época especialmente atraente por ter sol ameno e menos movimento. No outono, o clima é fresco e o entardecer rende céus com tons escandalosos. A água do mar tem temperatura média de 26 °C.

Quanto tempo ficar: pelo menos cinco noites para fazer um bem bolado entre os passeios mais clássicos e ainda sobrar dias de total sossego à beira-mar.

Tábua de marés: nenhum passeio às piscinas naturais acontece sem antes consultar a maré. O visitante tem acesso fácil a esses índices, basta perguntar nos hotéis ou nos restaurantes, olhar as placas espalhadas pela vila ou conferir pelo site da Marinha do Brasil (marinha.mil.br/chm/tabuas-de-mare). A regra básica para aproveitar melhor as saídas é que a maré esteja com até 0,5 m. Portanto, basta procurar um dia e horário durante sua estadia que tenha esse índice para agendar o passeio.

Por que galinhas?

O nome “Porto de Galinhas” remete ao século 19, quando o comércio escravista já estava proibido no Brasil. Os navios negreiros atracavam por ali, carregados de escravos escondidos entre engradados de galinhas d’angola. Para anunciar a chegada e burlar a lei, dizia-se que havia “galinha nova no porto”.

Peixes em Porto de Galinhas - PE
Peixes em piscina natural (foto: Thiago Cavalcanti)

Os sabores da vila

A Praia de Porto de Galinhas está colada ao centrinho comercial e gastronômico da região. Ao seu redor, estão as pousadas mais simples para quem prefere economizar. À noite, é programa certo: lá, sobretudo na Rua da Esperança, exclusiva para pedestres, o comércio fica aberto até tarde na alta temporada. Há desde barracas de artesanato e moda praia até design, como a Gatos de Rua, do artista plástico Beto Kelner, por exemplo.

Espalhadas pelas ruas do centrinho, há esculturas de galinhas coloridas, adornadas e fantasiadas – algumas são do artista local Gilberto Carcará, que reaproveita troncos de árvores para dar vida às aves símbolo da vila. Mais de suas obras e história podem ser conferidas no seu ateliê, a uma caminhada curta do centro. Não perca a oportunidade de bater um papo com Gilberto, que está sempre lá para falar das suas inspirações e criações.

Restaurantes

Na vila tem, além de compras e arte, bons lugares para comer também. Na Rua das Piscinas Naturais, famosa pela “cobertura” de guarda-chuvas, o restaurante Peixe na Telha deve seu nome ao prato mais famoso da casa, que chega à mesa em filés gratinados ao molho branco e queijo. Moquecas de peixes variados ou mesmo vegetarianas, além de generosas porções de camarão refogado na manteiga de garrafa, são outras opções do cardápio.

No Barcaxeira é a macaxeira – ou mandioca ou aipim – a estrela da casa. O camarão empanado nas raspas de mandioca fica deliciosamente crocante. Assim como a pancetta, servida junto com goiabada cascão picante. Puxando a lista dos restaurantes mais conhecidos de Porto, o Beijupirá mescla frutos do mar e ingredientes tropicais em seus pratos. O ambiente alto-astral e o clima de praia fazem um convite para jantar sem hora de ir embora. Ainda nesse miolinho, o charmoso Café da Moeda é a pedida para um espresso caprichado ou para fartas taças de açaí.

A novidade na vila é o Mirante do Farol, inaugurado em 2020, na área do restaurante Muganga Bistrô. Do alto de 14 m, os visitantes conseguem ver em detalhes parte do litoral ipojucano, com destaque para as piscinas naturais de Porto de Galinhas e o Pontal de Maracaípe. Para subir, há elevador ou escada, e o ingresso custa R$ 15.

Restaurante em Porto de Galinhas
Restaurante Beijupirá (foto: Vinicius Lubambo)

Um santuário de vida marinha

Mais do que belo, o litoral pernambucano é uma área protegida para desova de tartarugas marinhas. É por isso que os passeios de bugue acontecem no asfalto e não na areia da praia. A importância de preservar a espécie pode ser conferida no Museu da Tartaruga Marinha, que também fica no centrinho. Mantido pela ONG Ecoassociados, o projeto já cuidou de mais de 1.900 ninhos e 142 mil filhotes, que foram liberados até o mar. Pequeno, o espaço mostra aos visitantes mais sobre as quatro espécies de tartarugas que habitam a região (ingresso: R$ 20).

 

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Vida boa nos resorts

Afastados da vila de Porto de Galinhas, os resorts à beira-mar se distribuem pelas praias vizinhas, sobretudo Muro Alto e Cupe – e são daqueles que podem facilmente dar conta de todas as necessidades dos hóspedes, a ponto de não precisar sair para nada.

A Praia do Cupe atende tanto o pessoal do surfe, com ótimas ondas e campeonatos que pipocam ao longo do ano, como as famílias que buscam as piscinas naturais formadas nas partes mais rasas. A cinco km de Porto de Galinhas, conta com uma porção variada de hospedagem. O destaque são os resorts completos, como o Porto de Galinhas Praia Resort, o Vivá, o Village, o Ocaporã e o Enotel, com seu divertido parque aquático.

Já Muro Alto, que fica a 10 km do centrinho de Porto de Galinhas, é uma praia protegida por um cordão de recifes, transformando-a em um lugar ideal para descansar e nadar em águas tranquilas. Pé na areia, os hotéis e resorts aqui surgem uns seguidos dos outros, com estrutura e proposta semelhantes. No estilo “resortão com piscinão e bufezão”, há o Beach Class, o Marulhos e o Summerville (que, há um ano, tornou-se all-inclusive).

Férias 5 estrelas

Requintado, o Nannai Resort & Spa tem como um dos pontos fortes as piscinas naturais de água morna que se formam bem à sua frente. Caiaque, stand up paddle e até um barco a vela são atrações corriqueiras ali. Mas inconfundíveis mesmo são os seus bangalôs envoltos por piscinas privativas, que acabaram viralizando no imaginário dos viajantes. Mesmo quem não estiver em uma acomodação desse calibre aproveita os mais de 6 mil m² das piscinas na área comum, que preenchem a coluna central da propriedade.

Por fim, para ir além do seu quadrado e visitar outras praias, existem os passeios de bugue, conhecidos como “ponta a ponta”, que vão desde Muro Alto até Pontal de Macaraípe. Pontuado por alguns pit stops, com direito a banho de sol e mar, o trajeto é feito quase todo por estrada, não pela areia, por conta das áreas protegidas para a desova de tartarugas marinhas. São cerca de quatro horas de passeio e 16 km rodados. Com a empresa Luck Receptivo, o tour custa R$ 300, em um bugue que acomoda até quatro pessoas.

Rio manso e ondas fortes

Coqueiros, areia, mar e rio ditam o ritmo em Maracaípe, praia vizinha a Porto de Galinhas. Pouco antes de a moda do stand up paddle ganhar os litorais mais badalados do mundo inteiro, o pranchão já era costumaz nas águas tranquilas do Rio Maracaípe. A calmaria do rio, contudo, não se reflete no mar – a praia é conhecida pelas ondas fortes, sediando cerca de 300 campeonatos de surfe por ano. Kitesurfe e windsurfe também entram na onda e fazem sucesso por ali.

Antes ou depois do banho de água doce ou salgada, esticar até a Vila de Todos os Santos rende uma caminhada gostosa em meio a ateliês, bares e restaurantes, como o relaxante Restaurante do João, que mais parece uma casa de praia, de frente para o mar, com piscina e redes penduradas entre os coqueiros. Ali vão chegando da cozinha caldinho de peixe e de feijão, bolinho de feijoada e outras delícias…

Em seguida, pode-se visitar o Pontal de Maracaípe, de onde saem os passeios de jangada pelo mangue para ver os cavalos marinhos em seu habitat natural. Custa R$ 40 por pessoa e é realizado pela Associação de Jangadeiros de Maracaípe (instagram.com/ajpm_pontal).

Passeio de Muro Alto a Pontal de Maracaípe
Passeio de bugue (foto: Vinicius Lubambo)

Mergulho em Serrambi

A 18 km de Porto de Galinhas, a Praia de Serrambi não tem a mesma fama das vizinhas, mas desponta por sua calmaria e pelas piscinas naturais. Além disso, é um dos principais pontos para passeios náuticos e mergulho. A seis km de Serrambi, a Ilha de Santo Aleixo ainda é pouco conhecida e rende banhos com snorkel em águas claras e calmas. Mergulhadores mais experientes têm a chance de visitar pontos com mais de 30 m de profundidade para ver naufrágios. A Abissal Mergulho, que funciona no Serrambi Resort, organiza expedições do tipo.

Esticada até Carneiros

Tudo começou com a imagem da igrejinha branca situada à beira-mar e cercada de coqueiros. Não demorou muito para o vilarejo de pescadores, pertencente à cidade de Tamandaré, começar a ganhar os primeiros restaurantes e clubes de praia. Assim, Carneiros, a 50 km de Porto de Galinhas, foi do passeio tipo “se sobrar tempo” para “escapadinha “obrigatória”. Para passar o dia, escolher um ponto de apoio com estrutura de banheiros, alimentação e serviço de praia é a opção mais confortável, mas também mais custosa. Esses lugares exigem consumação mínima e, muitas vezes, o preço do estacionamento é salgado. Por isso, programe-se para não tomar susto.

Movimentado, o clube Bora Bora é o mais famoso do pedaço, com uma grande estrutura à beira-mar, estacionamento, restaurante, sanitários, duchas e até parquinho infantil. É ideal para quem quer mais agito e menos sossego. Para ficar em uma tenda com camas balinesas e almoço incluso, esteja disposto a gastar por volta de R$ 500. Entretanto, se optar apenas por uma mesa discreta no restaurante com chão de areia e telhado de sapé, os pratos custam, em média, R$ 130 para dividir por dois. Costuma ser bem movimentado aos finais de semana, e reservas são necessárias.

Passeios

Mais tranquilo, o restaurante Beijupirá tem uma filial em Carneiros, e seu cardápio afiadíssimo em frutos do mar é o destaque. Bem pertinho do Rio Formoso, conta com ombrelloni e espreguiçadeiras na praia. É um bom lugar para curtir a dois.

O restaurante fica a 1,5 km da Capela de São Benedito, a tal da igrejinha branca que virou cartão-postal de Carneiros. Na frente da capela ficam vários barqueiros oferecendo passeios de duas horas, com paradas na Praia de Guadalupe, para um banho de argila, e ida até o mangue (preço médio de R$ 30 por pessoa).

Quem não for de carro pode chegar a Carneiros de lancha ou catamarã a partir de Porto de Galinhas. Esse passeio, que custa a partir de R$ 105, também faz paradas na Praia de Guadalupe e depois fica algumas horas em Carneiros, para curtir o mar cristalino e o descanso à sombra dos coqueiros.

 

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