Aquela cena clássica do marshmallow na fogueira, constatei, não é só cena. É um hábito da tradicional família americana em férias pelas estradas do país. Descobri que existem até mesmo espetos específicos para levar o marshmallow ao fogo. E foi assim, assando marshmallows, que passei as três noites nos acampamentos (os chamados campgrounds) durante uma viagem de motorhome pelo Texas, entre Houston e Austin. Foram três dias vivendo sobre rodas – dormindo, tomando banho, cozinhando e todo o resto.

Como funciona?

Primeiro, vamos à parte técnica. O que é um motorhome, afinal? É basicamente, como já diz o nome, uma casa sobre rodas. Tem cozinha com geladeira e fogão, tem banheiro com chuveiro, tem quarto com cama. A configuração depende do tamanho do veículo, que pode ser desde um Ford F150 até um ônibus mesmo. Por definição, motorhome é motorizado. E é aí que mora a diferença em relação a um trailer – que é apenas o “vagão”, acoplado e puxado por outro automóvel. Ambos os tipos são chamados de veículos de recreação – ou RVs.

Agora começamos com a parte prática. Nos Estados Unidos, existem empresas especializadas em alugar ou vender RVs. Uma das mais bem preparadas é a Cruise America, que tem escritórios em 121 cidades – inclusive no Alasca e no Canadá. Com lojas em 26 destinos americanos, a empresa disponibiliza quatro tamanhos de veículos, com configurações para atender até sete pessoas.

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Quanto custa?

O preço não é necessariamente proporcional ao tamanho do veículo – ou seja, o menor pode sair mais caro, dependendo da disponibilidade. A diária, em si, é relativamente barata, variando entre US$ 50 e US$ 200. Mas é preciso considerar que, em alguns casos, as milhas são compradas separadamente, em pacotes de 100, 500 ou ilimitadas – por isso, é bom ter uma ideia do quanto se planeja viajar. Se percorrer além do limite, cobram–se US$ 0,35 por milha; extras tem reembolso. Há, ainda, custos para alugar, com a própria empresa, kits com roupa de cama (US$ 70 por pessoa) e utensílios de cozinha (US$ 130 por carro). Lembre-se também de considerar gastos com gasolina (média de US$ 150 o tanque, com autonomia de um carro), pedágios e acampamentos (a partir de US$ 10 a noite). Mas, boa notícia, o seguro está incluído no valor.

No Brasil, porém, recomenda-se contratar o serviço preferencialmente junto a operadoras credenciadas, que oferecem pacotes com aluguel, milhagem, kits, uso do gerador, transfers desde e para aeroporto/hotel e horários mais flexíveis para retirada e devolução do RV. Para se ter uma ideia, uma semana no supercompacto T17 em janeiro de 2017, saindo de Los Angeles, custaria cerca de US$ 700.

Qualquer pessoa pode dirigir?

Desde que habilitada e maior de idade, sim. Mesmo sua CNH brasileira de categoria B (ou seja, carro comum) é válida para conduzir grandes veículos nos Estados Unidos. Ok, mas é fácil? Cuide da parte traseira e tenha alguém do lado de fora para ajudar na ré e tudo será questão de costume (apenas não seja tão pequeno a ponto de, como eu, não conseguir enxergar acima do volante).

Caindo na estrada

A retirada do veículo é quase como a de um carro alugado, com a diferença de que há um minicurso preparatório para aprender a lidar com todas as funções do motorhome. Se der alguma pane durante a viagem, é possível ligar para um número de assistência ou consultar o manual quase bíblico que vem dentro dele. É interessante passar em um supermercado para fazer o estoque de comes e bebes da viagem – lembrando que, no próprio veículo, você pode cozinhar de verdade e refrigerar os alimentos, então não precisa se limitar a congelados e industrializados. Apenas lembre-se: durante os deslocamentos, a lei exige que todos os ocupantes estejam sentados e com cinto de segurança.

Por dentro de um motorhome

Ok, eu sei que você quer saber: onde vão parar os dejetos do banheiro de um motorhome? Pois bem, existe um compartimento para armazenar temporariamente as sujeiras, bem como água do banho e da pia. Ao chegar a um campground, basta tirar a mangueira que se liga a esse compartimento e inseri-la na tubulação de esgoto localizado no chão da sua vaga. Não entre em pânico: não dá para ver nada. Se dá para sentir o cheiro dentro do carro? Bem, se por ventura não for possível esvaziar a caixa, dizem que é só jogar umas pastilhas junto com a descarga.

Em relação à água que sai da torneira e do chuveiro, existe outro reservatório, que você pode abastecer também no campground, garantindo banho e louça lavada a bordo. O mesmo vale para lâmpadas, ar-condicionado, geladeira: é só estacionar e “ligar” o RV na tomada. Durante os deslocamentos, a eletricidade vem da bateria do carro ou do gerador (sujeito a cobrança de taxa) – a geladeira continua funcionando à base de gás propano (que pode ser comprado nos campgrounds caso acabe).

Os campgrounds

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Esqueça a ideia de barracas e banho gelado que geralmente associamos a acampamento. Alguns campgrounds parecem verdadeiros resorts, com piscina, sauna, Wi-Fi grátis. A rede KOA, por exemplo, opera cerca de 500 unidades em todos os Estados Unidos. Durante nossa viagem, passamos a noite nos KOA de Lake Conroe (perto de Houston, com lago para pescar), de San Antonio (eleito o acampamento do ano em 2015) e de Brastop (perto de Austin e à beira do Rio Colorado).

O ideal é reservar antes, mas como itinerários de road trips nunca são 100% definidos, pode-se apenas chegar e consultar a disponibilidade na hora. Para isso, a Cruise America conta com um app que mostra os campgrounds mais próximos – não apenas os da KOA, com a qual tem parceria de 20% de desconto nas diárias. Para se ter uma ideia do quão grande é a cultura do motorhome nos Estados Unidos, mesmo a Disney, em Orlando, tem seu campground, o Fort Wilderness. É, até o Mickey é chegado a fazer marshmallows na fogueira

Viagem a convite de Cruise America, com apoio do Texas Tourism

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