Concluídos os dias em Madri, o melhor programa é continuar explorando a região de Castilla y León montando base na bela cidade universitária de Salamanca, distante três horas da capital, seja em ônibus, trem ou carro. Com um mínimo de quatro dias inteiros (cinco num cenário ideal), dá para conhecer o principal e ainda fazer dois bate-voltas deliciosos – Segóvia e Ávila–, visitando três cidades tombadas pela Unesco de uma vez só.
A cidade universitária mais famosa da Espanha consegue ser moderna e tradicional ao mesmo tempo. Inclusive nas manifestações artístico-religiosas, que vão desde as antigas procissões da Semana Santa a arrojados festivais, como o Festival de Artes de Castilla y León, por exemplo. Além disso, sua arquitetura é apaixonante. Isso porque não apenas apresenta uma deliciosa variedade de estilos, mas a maioria de seus edifícios foi construída com a pedra arenosa de Villamayor, que ganha coloração quase dourada quando banhada pelo sol.
A “cidade das duas catedrais” tem nelas seu maior símbolo e principal cartão-postal: ambas são construídas lado a lado, grudadas, mas absolutamente diferentes. Do lado de fora, só é possível distingui-las pelo diferente estilo arquitetônico de suas torres; por dentro, no entanto, as diferenças são enormes e vale muito a pena visitá-las.
Roteiro por Salamanca
Em primeiro lugar, para começar a entender bem a cidade, vale subir nas torres da catedral. Lá no alto há um pequeno museu sobre a história local e a vista mais espetacular de Salamanca, com a ponte romana e o rio. Dali fica fácil explorar a pé – afinal, quase tudo é muito perto, a uma curta caminhada de distância.
Em seguida, das catedrais, basta um pulinho para chegar a outro marco: a fachada da histórica universidade. No Patio de Escuelas, todos os dias, turistas contorcem seus pescoços em busca da mítica figura de la rana. Na rebuscada fachada, é preciso refinar o olhar para encontrar a curiosa rã sobre o crânio de uma caveira. Reza a lenda que o turista que a vê terá sorte na vida.
Um passeio pelo centro antigo inclui uma visita ao imponente Convento de San Esteban, aberto à visitação. O local é onde Colombo teria convencido o clero a pedir financiamento ao rei para sua jornada que terminaria com a chegada às Américas. Ademais, vale conhecer também a La Clerecía, a igreja da Universidade Pontifícia (a segunda de Salamanca); a Casa de las Conchas, um centro de cultura de arquitetura gótica e curiosas conchas na fachada; e, enfim, o Convento de las Dueñas, que até hoje vende quitutes preparados pelas freiras (as gemas espanholas são os doces mais vendidos).
Por fim, o passeio termina na Plaza Mayor, considerada por muitos a praça mais bonita da Espanha e do mundo. Quadrada e fechada por edifícios diferentes estilos, que abrigam lojas, cafés, restaurantes, hotéis e até a prefeitura, é ponto de encontro diário de turistas, moradores e estudantes. Explore a praça de dia, mas não deixe de vê-la à noite: iluminada e sempre cheia de vida, consegue ser ainda mais bonita!
Cidade verde e contemporânea
Com ampla oferta de praças e parques, Salamanca é também um convite ao ócio nos dias de tempo bom. O parque à beira do Rio Tormes é um dos principais. Ali, tem amigos e casais fazendo piqueniques, famílias entretendo suas crianças (tem pedalinho e caiaque no rio) e esportistas se exercitando. Outros parques gostosos na cidade – principalmente para quem viaja com niños– são Los Jesuítas, La Aldehuela e o Bosque de Olmos Secos.
Além disso, Salamanca é também cheia de museus, que variam do folclórico Museu Taurino ao delicioso art déco Casa Lis, do Museu da Guerra Civil ao ultracontemporâneo DA2. Este último no melhor estilo do londrino Tate Modern. Isso tudo entre compras nas lojas da Calle Toro e da Calle Mayor, pechinchas no El Rastro aos domingos e muitas, muitas tapas. Aliás, impressionante a quantidade de bares de tapas servindo quitutes deliciosos acompanhando vinhos e cervejas por preços módicos, a partir de € 2 pela dupla. A Calle Van Dyck, por exemplo, repleta de estabelecimentos do gênero, é um excelente local para isso. Ademais, a oferta gastronômica de Salamanca é riquíssima e inclui até mesmo um restaurante com estrela Michelin, o badalado Victor Gutierrez, do chef homônimo.
Pela cidade, antigos distritos têm provado um fôlego novo, como o bairro do Oeste, que hoje começa a ter uma pegada assim como a do madrilenho Chueca. A área está cheia de bares e espaços culturais (como o descolado La Salchichería) e virou terreno fértil para elaborados grafites, fachadas redesenhadas e outras formas de arte de rua. O ideal é chegar na Plaza del Oeste e explorar as ruas do bairro a partir dali. Dessa forma, dá para ver que, mais do que nunca, a mistura do antigo com o contemporâneo é mesmo a cara de Salamanca.
Hospedar
Tryp Salamanca: A poucas quadras da Plaza Mayor, tem quartos espaçosos e funcionais, com bom café da manhã. Calle Hoces del Duratón, 1 Para conferir fotos e diárias, clique aqui!
Parador Salamanca: Parte da mais tradicional rede hoteleira espanhola, fica num edifício histórico às margens do Rio Tormes. Tem belos quartos com vista para o rio e as catedrais e ótimo restaurante. Calle Teso de la Feria, 2. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!
Comer
Bambu: Tapas excelentes e baratíssimas ao lado da Plaza Mayor. Calle del Prior, 4, restaurantebambu.es.
Victor Gutierrez: Único restaurante da cidade estrelado no Michelin. Calle Empedrada, 4, restaurantevictorgutierrez.com/.
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