Quatro dias em São Francisco
Neste roteiro, você terá um gostinho das várias faces de São Francisco: da beleza natural de sua baía aos novos mercadões gastronômicos, das heranças dos movimentos de contracultura do passado aos bairros grafitados do presente, das clássicas casinhas vitorianas aos museus e lojas moderninhos. Em apenas quatro dias já dá para sentir a atmosfera única dessa cidade multicultural, criativa e mente aberta, onde o vanguardismo aparece tanto nas muitas sedes de empresas high tech quanto na gastronomia e na sustentabilidade. Aliás, desde agosto o aeroporto de São Francisco não vende mais garrafinhas de plástico de água. Veja o que espera você neste itinerário redondinho:
PREPARA!
Como se locomover: não é preciso alugar carro para se locomover em São Francisco. Aliás, o melhor é não fazê-lo, já que estacionar pode ser um estorvo. Chegando ao aeroporto, você conta com o sistema de trens metropolitanos Bart para ir ao centro. Uma vez ali, é fácil se virar de ônibus ou metrô operados pela Muni; afinal, este último tem estações tanto na superfície quanto subterrâneas. Além disso, também são amplamente usados aplicativos de transporte como o Uber e o concorrente americano Lyft, por exemplo. O bondinho, transporte histórico da cidade, tem três rotas – uma delas, a linha Powell/Hyde, vai do centro a Fisherman’s Wharf.
Quando ir: o clima de San Fran é uma história à parte e merece atenção na hora de planejar a viagem. Isso porque, devido à topografia acidentada e à proximidade com o mare à localização geográfica, a cidade tem diversos microclimas em seu pequeno território, que é pouco maior do que Vitória (a menor capital brasileira). SF é conhecida pela neblina constante, principalmente pela manhã, e pelo tempo cambiante ao longo do dia. Dessa forma, o friozinho reina o ano todo, ou seja, a temperatura está quase sempre entre os 10 °C e 20 °C. A coisa também não esquenta muito no verão, quando a neblina é ainda mais intensa. Por isso, o período de ouro para visitar é o chamado Indiansummer, em setembro e outubro, quando costuma haver ondas de calor e os dias ensolarados predominam. Dezembro e janeiro são os meses mais chuvosos.
Dia 1
Primeiramente, comece o dia perambulando por Fisherman’s Wharf, a região mais turística de São Francisco, nas Jefferson e Beach Streets e em píeres sobre o mar. O agito se concentra, acima de tudo, no complexo do Pier 39, com carrossel, aquário, museu de cera, lojinhas de suvenir e restaurantes à la Hard Rock Café e Bubba Gump. Não perca os leões-marinhos que tomam sol preguiçosamente ao lado do píer. À frente, há algumas atrações mais autênticas, a exemplo do curioso (e gratuito) Musée Mécanique. Trata-se de uma coleção de máquinas de jogos e fliperama antigas que você já deve ter visto em parques de diversões de filmes americanos.
Em seguida, para comer, pule os nomes manjados de rede e vá à Boudin Bakery, um dos negócios mais antigos da cidade, de imigrantes franceses que descobriram que o ar de São Francisco dava um sabor diferente ao pão de fermentação natural. Ali, tem lojinha, museu e a cozinha, onde dá para ver as massas descansando. No café, serve-se a típica clam chowder, sopa de mariscos dentro do pão. Para a sobremesa, entretanto, passe na Ghirardelli Ice Cream & Chocolate Shop, loja-conceito da marca de chocolates e sorvetes, criada na cidade em 1852, que fica em uma bonita praça onde já funcionou a fábrica.
Golden Gate Bridge
Saindo dali, na North Point Street, pegue o ônibus número 2 (ou o número 30 na esquina com a Van Ness Avenue) e desça no Golden Gate Bridge Welcome Center, que fica dentro do chamado Presidio, antigo posto militar transformado em parque nacional. Sim, chegou a hora de conhecê-la, a célebre ponte Golden Gate. Inaugurada em 1937 e uma das estruturas mais fotografadas do mundo, a ponte vermelha com torres de quase 230 metros de altura certamente captura o olhar no momento em que aparece na paisagem. Ao redor do centro de visitantes, que tem lojinha e painéis explicativos, há uma série de mirantes para admirar a ponte, o mar, o desenho da baía de São Francisco. Quem quiser também pode andar sobre a ponte em si – há passarelas para pedestres.
Outra opção para conhecer a Golden Gate é, em vez de pegar o ônibus, alugar uma bicicleta ou patinete elétrico pelo sistema chamado Jump, usando o próprio aplicativo do Uber – é preciso abrir o mapa para encontrar um perto de você. A ideia aqui é chegar até perto da ponte pela Mason Street, passando por Crissy Field, um gramadão amplo que encontra a areia em uma praia. A bike elétrica não cansa e torna fáceis as subidas que levam até o Welcome Center. No caminho, você tem vislumbres da ponte de diferentes ângulos e ainda pode parar em outros pontos do parque Presidio, como por exemplo o belo Palace of Fine Arts.
Dica!
Para celebrar, enfim, o encerramento do primeiro dia, o jantar pode ser no Cotogna, restaurante casual do renomado chef Michael Tusk. Especializado em cozinha italiana rústica, serve massas feitas com ingredientes fresquíssimos de fazendas locais em um menu que muda diariamente. Faça reserva no site para não correr o risco de ficar sem mesa.
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Dia 2
Se for para escolher um museu só, fique com o San Francisco Museum of Modern Art (ingresso: US$ 25). Reinaugurado em um prédio arrojado em 2016 depois de uma grande renovação, ele foca em obras de arte moderna e contemporânea, com exposições temporárias de peso. Aliás, ali também fica o maior jardim vertical do país, um paredão de plantas de 400 m².
No entanto, se apetecer algo mais lúdico, a algumas quadras está o Museum of Ice Cream San Francisco (ingresso: US$ 38), um museu que era para ser temporário e, devido ao sucesso de público, ganhou sede permanente em uma construção histórica beaux-arts. Altamente instagramável, o projeto surrealista tem diversas salas temáticas com experiências interativas, que incluem até uma piscina de confeitos coloridos. E, certamente, muito sorvete. Dali é um pulo até Union Square, um ponto de referência no centro de São Francisco. Burburinho agitado de turismo e vida corporativa, concentra lojas de marcas como Macy’s, Apple, Old Navy, The North Face, entre outras.
Chinatown e Jack Kerouac Alley
Seguindo por ali, você eventualmente dá no Dragon’s Gate, o portal da Chinatown. 21% da população de São Francisco tem ascendência chinesa, de imigrantes que chegaram a partir dos anos 1960. Enfeitado por lanterninhas vermelhas, o bairro tem aquele clássico conjunto de lojas com gatinhos balançando a cabeça e Budas sorridentes. Vale parar na Chinatown Kite Shop, cheia de pipas penduradas, na Vital Leaf, com dezenas de tipos de chás, e na Golden Gate Fortune Cookie Factory, onde você vê as mocinhas assando, moldando e recheando os biscoitos da sorte. Se a fome apertar, vá ao descolado China Live, mercadão gastronômico aberto em 2017 que engloba bares, restaurantes e empórios onde você pode provar diversas receitas chinesas – como dumpling, espécie de guioza, e pork belly bun, sanduíche de barriga de porco.
Quase do lado do mercado está o Jack Kerouac Alley, um beco tingido por grafites e frases dos integrantes da geração beat, movimento principalmente literário de contracultura dos anos 1940 e 1950 movido a drogas, jazz e road trips. Além disso, próxima está a City Lights, editora e livraria que publicou as principais obras dos beats. Aprenda mais sobre eles tomando uma cerveja no Vesuvio Café, bar de 1948 que era frequentado por Jack Kerouac e sua turma, e no pequeno The Beat Museum, que guarda memorabilia da época, vende pôsteres e expõe o carro usado no filme Na Estrada, do diretor brasileiro Walter Salles (ingresso: US$ 8).
Russian Hill e Market Street
Saindo dali, caminhe cerca de dez minutos até a esquina da Powell Street com a Jackson Street para subir num deles, os famosos bondinhos de São Francisco. Desça no topo da Lombard Street, a ladeira em zigue-zague enfeitada por jardins e casarões tradicionais da chamada Russian Hill. Você pode descer pelos degraus admirando a vista.
Em seguida, depois de uma passada no hotel para recarregar as energias, reserve uma mesa no Zuni Café, na central Market Street, que fica aberto até tarde. Lembrando que nos Estados Unidos é comum sair para comer às 18h. Funcionando desde 1979, é “o” lugar para pedir clássicos americanos: o frango assado, o hambúrguer e a salada caesar estão entre os melhores da cidade.
Dia 3
Reserve com antecedência o passeio a Alcatraz (US$ 41). O tour clássico sai do Pier 33 e vai até essa ilhota a 2.500 metros da costa, onde está uma das prisões mais afamadas do mundo, que funcionou de 1934 a 1963. Mas o plus da atração é o passeio de barco até lá, que rende um belo panorama da baía. Acompanhado pelo audioguia narrado por ex-detentos, você visita celas e aprende sobre infratores ilustres que ficaram presos ali (como Al Capone, por exemplo).
De volta ao Pier 33, pegue o trem do sistema Muni em frente à saída (linha F) e desça pouco depois no Pier 7, uma passarela de madeira que convida a tirar mais fotos lindas da Bay Bridge e do skyline de São Francisco. Dali, caminhe dez minutos margeando o mar até o Ferry Building, uma bonita construção do século 19 transformada em mercadão gastronômico.
Ali, estão reunidos produtos de pequenos fazendeiros e alguns dos melhores restaurantes de São Francisco (ou filiais deles). A Cowgirl Creamery vende queijos, o Humphry Slocombe faz sorvetes artesanais e a lanchonete Gott’s Roadside serve hambúrgueres suculentos. O ótimo restaurante vietnamita Slanted Door também fica ali. Além disso, há uma segunda versão dele no mercado, menor e mais barata, onde você pode comer no balcão, o Out the Door. Vale, aliás, fazer um tour para provar um pouquinho de cada coisa e ainda levar quitutes de volta para o hotel.
Castro Street
A dois quarteirões do Ferry Building, está a estação de metrô Embarcadero. Entre e pegue um trem da linha L (descendo na estação S.F. Zoo) ou da linha S (descendo na Castro Street) e em 15 minutos você chega ao Castro, o bairro onde o político e ativista Harvey Milk defendeu a causa LGBT. Desça pela Castro Street vendo as bandeiras de arco-íris e as faixas de pedestres coloridas. Ali estão o Castro Theater, um cinema quase centenário de mais de 1.400 lugares, e o GLBT History Museum (ingresso: US$ 10), que destrincha um pouco essa história, além de uma porção de lojinhas e cafés curiosos. A Hot Cookies e sua decoração, digamos exótica, vale uma parada. Olhe para o chão para ver a Rainbow Honor Walk, a calçada da fama do “arco íris”, que honra ativistas, artistas e outros personagens LGBT.
Mission
Caminhe dali até o Mission Dolores Park, um parque onde os frequentadores refletem bem a alma progressista e cosmopolita da cidade. Repare, sobretudo, na vista, com o skyline do centro ao fundo. O bairro Mission, antigo reduto de imigrantes latinos, floresceu em um point de paredes grafitadas, cafés e bares mil. Bairro adentro, veja o mural do centro comunitário Women’s Building, um manifesto para as mulheres do mundo, e os grafites do Clarion Alley, um corredor colorido sempre em transformação.
O rumo do passeio aí depende do horário e da sua fome, porque o Mission é ideal para comer e beber. Entre os principais restaurantes, estão o El Techotem, um terraço ao ar livre e serve comidinhas de rua latinas; o Loló, de pratos mexicanos e coquetéis; o Baretta, dono de aperitivos e pizzas feitos com ingredientes orgânicos; o La Taqueria, com os melhores burritos da cidade; e o Foreign Cinema, restaurante de comida moderna americana com influência de várias partes do mundo em pratinhos pequenos para dividir. Ademais, no pátio externo do lugar são exibidos filmes em um telão. Portanto, cheque o site para ver a programação.
Dia 4
Por fim, no último dia de viagem, prepare as pernas! Isso porque este dia pedirá uma caminhada extensa. Se cansar, claro, dá para cortar alguns trechos com um ônibus ou Uber. Comece por volta das 10h na ampla praça do Civic Center, com seus jardins geométricos, e dê uma olhadela no City Hall, a prefeitura da cidade, com seu belo domo beaux-arts inaugurado no início do século 20. Do outro lado da Van Ness Avenue está a War Memorial Opera House, que sedia peças, óperas, balés e concertos.
Siga para continuar o passeio pela Hayes Street, uma das mais simpáticas de São Francisco, com uma coleção de lojas, restaurantes e cafés. São cerca de 15 minutos de caminhada até a Alamo Square, a praça lindinha onde estão as Painted Ladies, a sequência de casinhas vitorianas coloridas com suas varandas e janelas ornamentadas imortalizadas na abertura da série dos anos 1990 Full House (Três é Demais no Brasil). Atravesse a praça e caminhe mais 500 metros até o No Palito, restaurante que serve comida mexicana orgânica, sustentável e meio gourmet.
De lá, são apenas dois quarteirões até a Haight Street, em Haight-Ashbury, bairro que foi epicentro do movimento hippie no fim dos anos 1960. As lojas dessa rua trazem flashbacks da época: veja a Love on Haight, cheia de roupas tie-dye e outros artigos multicoloridos, a livraria independente The Booksmith, fundada em 1976, a Amoeba Music, com uma das maiores coleções de discos do mundo, e a Wasteland, um megabrechó. Além disso, dá também para tomar um cafezinho na descolada Ritual Coffee Roasters ou uma cerveja artesanal na Magnolia Brewing.
Golden Gate Park
A Haight Street convenientemente termina em uma das bordas do enorme Golden Gate Park (não confunda com a ponte Golden Gate, pois são lugares diferentes), maior que o Central Park de Nova York. Pelo tamanho do parque, pode convir alugar uma bicicleta e fazer um roteiro circular. Por isso, logo no fim da Haight Street há a Parkwide Bike Rentals & Tours, com bikes para alugar. Dali, passe para ver as flores do Conservatory of Flowers, com jardins impecáveis e uma enorme estufa branca do século 19.
Siga ao Japanese Tea Garden, com laguinho, estátuas de Buda e estruturas em forma de pagodas, e então, se ainda tiver tempo, escolha uma ala do De Young Museum (ingresso: US$ 15) para explorar: a coleção abrange desde artigos pré-colombianos até pintura contemporânea. Em frente está a California Academy of Sciences, museu interativo de ciências interessante para quem está com crianças. Veja ainda o laguinho Stow, rodeado por uma trilha, e o San Francisco Botanical Garden, com uma coleção demais de 9 mil tipos de plantas.
E que tal um pôr do sol memorável para findar o dia? Pegue um Uber até Baker Beach, uma praia gostosa onde os locais brincam com crianças e caminham depois do trabalho. O crepúsculo tem no panorama a ponte Golden Gate, o mar azulzinho, as pedras, a vegetação ao redor. É para deixar saudade de São Francisco e já planejar a próxima visita.
Informações
Moeda: Dólar (US$). US$ 1 = R$ 5,40
Fuso: 4h
Visto: é necessário (veja em bit.ly/tirarvistoamericano)
Na Rede: sftravel.com
Caminho certo: não há voos diretos do Brasil a São Francisco. A American Airlines voa com conexão em Miami; a United segue via Houston, a Delta para em Atlanta, a Aeromexico conecta na Cidade do México, e a Copa Airlines, na Cidade do Panamá.
Pacotes
Schultz: 7 noites passando por Los Angeles, Yosemite, São Francisco e mais, com hospedagem, traslados e passeios a partir de R$ 9.385. schultz.com.br
Abreu: 3 noites em São Francisco, com hospedagem, traslados e passeios a partir de R$ 4.217. abreutur.com.br
Hospedar
The Grove Inn: a um quarteirão da Alamo Square, esse hotel charmosinho está instalado em uma casa histórica. GroveSt, 890. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!
Hotel Carlton: na central Lower Nob Hill,o prédio antiguinho de 1920 é moderno e bem decorado por dentro. Sutter St, 1.075. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!
San Francisco Proper Hotel: parte de uma descolada rede californiana, tem restaurantes, academia e um bar no rooftop. Market St, 1.100. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!
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